Mudar dói. Mesmo que seja uma mudança positiva, o desconforto do novo incomoda. Para mim, mudar para a Holanda foi uma dor de renascer. Aprender um novo idioma, novos costumes e regras sociais, produtos diferentes nas prateleiras do supermercado, clima diferente, uma maneira diferente de se vestir e tantas outras novidades e diferenças. Mudar de país é o exercício de se reiventar. Por isso, explorar outro país é descobrir outros lugares em si mesmo. Para algumas pessoas, esse processo é mais fácil do que para as outras. Identifiquei alguns fatores que ajudaram na minha adaptação à Holanda e listei os 10 abaixo.
1.Ter um holandês ao meu lado
Sem dúvida, o fato de ter mudado por amor e ter um holandês ao meu lado me ajudou muito na adaptação à Holanda. Mas o fator decisivo não foi ter um óraculo que decifraria todos os segredos da sociedade holandesa, mas sim um motivo muito forte para eu querer entender e estar aberta às diferenças.
Visitar o campo de tulipas uma das grandes de experiências que tive na Holanda ©Bailandesa.nlO (na)marido evitou e antecipou muitos micos (não todos by the way) e claro que isso facilitou muito a minha vida na Holanda. Imagino que casais ou solteiros estrangeiros que chegam na Holanda, precisarão de mais tempo – e mais micos -até entenderem as regras do jogo.
Mas atenção! Ter um companheiro holandês me ajudou muito, mas não evitou todos os conflitos culturais que vivenciei e nem os que ainda estão por vir.
2. Vir para ficar
Mudar para a Holanda nunca foi transitório para mim. Comprei uma passagem só de ida e minha vida estava em três malas e um contâiner. Vim para recomeçar a vida aqui e estava determinada a dar certo. O fato de vir para ficar criou em motivação extra em saber de tudo sobre país e, mesmo quando não concordava, queria entender a razão ou origem de certos costumes ou comportamentos. Queria muito que desse certo e, para mim, esse era caminho sem volta ou pelo menos uma experiência que duraria muitos anos.
3. Ser bem recebida
Posso dizer que dei muita sorte com os holandeses que encontrei pelo caminho. Me senti sempre muito bem recebida pelos familiares e amigos do (na)marido. O fato dele ser holandês fez com que já tivesse um círculo de relacionamentos inicial e me sentir bem-vinda fez uma diferença enorme.
O ambiente em que você vive influencia enormemente na sua visão do país e disposição em adaptar-se. Para tornar as coisas simples para a nossa compreensão, temos a tendência de generalizar – mesmo que inconscientemente. No meu caso, a generalização foi positiva.
4. Aprender holandês
Aprender holandês nunca foi opcional para mim. Encarei como um missão que, por sinal, ainda não está 100% cumprida. Como poderia ter uma vida completa no país que escolhi para viver sem falar a língua? Como poderia ler um jornal, ver as notícias na TV, entender a cultura do país sem pode me comunicar no idioma natal. A minha determinação em aprender o idioma ao mudar para a Holanda, me fez não só me comunicar melhor, como conhecer mais a história e a cultura do país.
5. Viajar pelo país
Nos meus primeiros meses viajei muito pela Holanda. E viajo até hoje. Essa é a melhor forma de conhecer o país e deixar de lado muitas imagens preconcebidas. Apesar de pequeno, o país tem diversas paisagens, diferentes culturas e até dois idiomas oficiais. Conhecer as diferentes facetas me ajudou a ter o quadro completo da Holanda.
6. Trabalhar como voluntária
Durante os meus primeiros dois anos na Holanda, trabalhei muito como voluntária. Escrevi, traduzi, dei consultoria de marketing e trabalhei em festivais de música. Muitos podem achar que nem relógio trabalha de graça. Talvez seja verdade. Acontece que enquanto você está encontrando o seu lugar num outro país, é importante se sentir útil, sair da sua concha de expat e conhecer pessoas.
Conheci muita gente, entendi um pouco mais as regras do jogo e me senti muito melhor por estar trabalhando. Alguns desses contatos se mostraram bem interessantes em termos pessoais e profissionais.
7. Gostar de Pedalar
Quando cheguei na Holanda, havia mais de 20 anos que não andava de bicicleta. Foi mais um esforço de readaptação, mas, a partir do momento que peguei o jeito, não larguei mais a magrela. Também me senti mais parte da sociedade e mais integrada.
8. Gostar de provar novos sabores
A Holanda não é famosa pela sua culinária, mas isso não quer dizer que aqui não se come bem. A cozinha holandesa tem gratas surpresas e se o seu paladar for curioso e flexível, a Holanda pode lhe proporcionar grandes descobertas gastrônomicas.
A Indonésia, que já foi colônia holandesa, contribui em muito para essa diversidade, mas pode-se provar pratos de quase todos os cantos do mundo. Agora, para isso é preciso estar aberto a novas experências gastronômicas, novos pratos, temperos e sabores.
9. Ser pontual
Odeio me atrasar. Até quando casei fui pontual. Não que seja um requisito essencial para se adaptar na Holanda, mas os holandeses apreciam pontualidade, especialmente em assuntos de trabalho. Nessa corrida da adaptação, cada esforço a menos conta.
10. Me identificar com o estilo de vida
Nunca fui de muito fru-fru não sou extremamente vaidosa e gosto das coisas simples. Acho que por isso me identifiquei, até certo ponto, com o estilo frugal da vida holandesa. Os holandeses são avessos à ostentação e excessos. Um efeito colateral do Calvinismo. Eles evitam desperdícios, às vezes tachados de pão-duro e de desleixados com o visual. Claro que sempre existem extremos e às vezes é dfícil achar a tara da balança, mas acho mais fácil viver aqui do que numa sociedade que vigia a todo tempo quanto peso, o que visto e o que compro. No processo de integração, o segredo é o equilíbrio: se adaptar, sem perder suas referências e sempre dando o seu toque pessoal.
Você já morou ou mora na Holanda? Como foi ou está sendo a sua experiência? Você se identificou com o texto? Conta pra gente.