Bailandesa

Em nome do equilíbrio..

Nas últimas semanas, estava participando de um processo seletivo em uma empresa americana e tudo estava indo de vento em polpa. Fiz 3 entrevistas bombásticas, onde tudo bateu perfeitamente. Senti-me confortável, à vontade , tive a oportunidade de demonstrar a minha experiência e pude sentir um ar positivo nos entrevistadores. Isso me deu mais confiança e uma quase certeza de que iria rolar.
Na sexta-feira, recebi um e-mail, me informando que a decisão ainda não estava tomada. Para mim foi meio que um sinal. O meu instinto me dizia que algo não estava certo. Não deu outra: ontem recebi um telefonema e a mulherzinha da agência, me falou que não iria rolar. E aí me explicou que o meu CV era ótimo, que eu não poderia ter feito nada melhor do que fiz, que todos na empresa estavam impressionadíssimos comigo, mas que eles tinham duas vagas para o mesmo cargo, e que uma já havia sido preenchida por uma pessoa mais senior. Portanto, em nome do equilíbrio da equipe, teria sido preterida por um outro candidato, menos experiente, mas também (sic) com uma personalidade forte.

Passei a tarde com este sapo cururu na boca, tentando mastigar e entender o que significa o danado do equilíbrio. Vamos lá:

1) Meu peso não é o ideal, mas não desequilibraria a estrutura de nenhum prédio, nem equipe.
2) Meus dotes físicos também não páram nenhum trânsito, nem são capazes de desconcentrar nenhuma criatura.
3) Não sou inflamada – nem inflamável. Portanto, não tacaria fogo na equipe inteira e depois iria ao cinema.
4) Não rasgo dinheiro e a última loucura que fiz foi, de uma forma muito planejada, mudar de país.
5) O cargo era o mesmo e não havia hierarquia envolvida. Então, porque preferir uma pessoa menos experiente?

Resumo: o que é que esse cara tem que eu não tenho?

Aí comecei a recapitular a última entrevista que foi feita pelo gerente ( primeiro entrevistador) e a gerente de RH. Comecei a rodar o filminho na cabeça e percebi que ele a todo tempo, tentava convencê-la com linguagem corporal. Eram olhares, balançadas de cabeça, sorrisos. Ela me pareceu desconfiada, apesar de muito simpática. Também tem uma coisa, né? “Em nome do equilíbrio”, venhamos e convenhamos, isso me parece muito mais um argumento de RH. E pode parecer uma opinião meio suspeita, mas acho mais difícil entrevista com mulheres. Pelo menos, é a minha experiência.

Ah, quer saber: dane-se o equilíbrio. Não quero ser equilibrada, não! Pra mim isso é sinônimo de “sem-gracisse” e “falta de sal”. A equipe pode até ficar mais equilibridada sem mim, mas com certeza menos divertida . Ainda não foi dessa vez que me conveceram a fazer yoga! Sorry, pelo momento desabafo. Já sacudi a poeira e que venham outras e outras entrevistas.

Inté povo, beijo

Imagem: Corbis

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