Bailandesa

Morar fora: que tipo de imigrante você é?

Muitas pessoas pensam em morar fora, mas a maioria não pensa no processo de adaptação e como vão reagir à nova situação.

Diferentes pessoas reagem de formas diversas às dificuldades de adaptação a um novo país. Muito se fala das fases de adaptação, mas além das reações a cada fase,  existem perfis que se adaptam  melhor ou pior à mudança. 

Quando cheguei na Holanda, vi que morar fora era ir além dos clichês sobre a Holanda. (c)Bailandesa

Se adaptar ao um novo país é um processo contínuo

Ao decidir morar fora e mudar de país, passei por todas as fases e encarnei diversos personagens em diferentes fases. Já  incorporei a Poliana e achei tudo lindo e maravilhoso. Já reclamei muito e me fechei como uma ostra. Ah, também já fui Tom Hanks, o náufrago, que só tinha a sua bola Wilson para conversar numa ilha deserta. Assim, flutuei no conturbado oceano de mudanças. Acontece que esse processo não para. O ambiente muda, as fases passam e você se transforma. Apesar de algumas ocasiões, ter uam reação negativa, eu sempre estive abertaa explorar o novo país.

leia também: Mudar de país: da decisão à adaptação

Morar fora é um exercício de resiliência

Em alguns dias eu amava o Brasil. Em outros, odiava a Holanda. Me sentia como um torcedor indeciso num clássico de futebol. Acontece que mudar de país parece mais com um baba ou pelada do final de semana. A confusão, o erro e descontração fazem parte do jogo. Ao mesmo tempo em que temos o compromisso com os amigos de estar lá todos os finais de semana. É isso mesmo: resiliência. Temos que exercitar a memória do músculo da integração e fazer muito alongamento para nos tornarmos flexíveis e maleáveis. Pois é, morar fora também é malhação.

Tipos de pessoas que decidiram morar fora do país que mais encontrei

Ostra 

É aquela pessoa  que se fecha na sua concha e rejeita tudo no novo país. Acha que tudo está errado e que ninguém lhe entende. O seu lema é: “não vou mudar para agradar ninguém”. Ela cava a sua trincheira e não se rende aos costumes do  país estranho.

Assim, a ostra se fecha no seu mundo e vai criando a sua pérola míope. Ela não dá nenhuma chance ao novo ambiente e não desvia nem um milimetro da sua zona de conforto.

Na verdade, essa é uma receita de sofrimento. É normal sentir saudade do seu país, de como as coisas lá funcionam, da comida, das rotinas, do clima. Agora, querer viver a mesma vida num ambiente completamente diferente não é saudável. É importante achar um meio termo ou avaliar se é possível ser feliz nesse país. Afinal, a vida é muito curta para  ficar onde não se quer. Morar fora é ótimo para alguns e não a qualquer preço.

Poliana

O segundo tipo é Poliana, que ama tudo do novo país e acha tudo perfeito. Geralmente, a Poliana aflora na fase da lua-de mel, logo após a chegada. Mas tem gente que não sai da lua-de-mel e ainda renega tudo o que vem do seu país de origem. Acha que tudo no novo país é melhor. Assim, abraça a nova cultura, mas exclui a própria. É como no tempo de escola, em que fazemos um novo amigo, mas esquecemos dos outros.

 

Eu não me fechei quando chegeui na Holanda, mas tive meus momentos de Poliana (c) Bailandesa

Quem assume o papel Poliana corre dois riscos: 

Então, vamos manter os dois pés nos chão, a cabeça sobre os ombros e ter a maturidade para reconhecer as vantagens e desvantagens de cada lugar. E mais importante: explorar o melhor dos dois.

“Cosmo-realista”

Esse é o cosmopolita com o pé no chão. Essa é a pessoa que abraça a mudança, mas reconhece que nem tudo é perfeito no novo país. Aliás, em lugar nenhum. Esse é o que se adapta, mas mantém a sua identidade original – da qual se orgulha, por sinal. Consegue aproveitar o melhor da mistura na sua bagagem cultural. Essa é a pessoa que conseguirá se adaptar às novas condições, caso mude para um outro país ou retorne ao seu país de origem.

E você, que tipo de imigrante ou expatriado é?

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