Bailandesa

O sol e o futuro

Depois de dias e dias cinzas – tantos que até perdi a conta -, ontem um tímido e apressado sol começou a aparecer. Hoje, ele voltou para mais uma rápida visitinha, mas agora à noite já tá caindo de novo um toró de matar sapo. Nesses dias é que a gente vê como tudo muda quando se tem luz e sol.
Já que tinha céu claro, não ia pra casa pra ficar em frente ao computador, né? Fui pernear ( ou pedalar) por Utrecht com uma colega da escola. Namoramos vitrines, nos apaixonamos perdidamente várias vezes e desapaixonamos quase que automaticamente ao ver os precinhos impressos nas etiquetas. A coleção primavera-verão já aparece nas lojas e ao ver vestidinhos vaporosos, sandálias, camisetas, me bateu a maior saudade do verão. Ai, como é bom estar bronzeada e colocar aquele vestidinho com uma sandália. Ou com uma camisetinha básica regata branca, só pra realçar ainda mais o bronze. Quando se está bronzeada, tudo cai melhor em você. Você emagrece, fica mais sarada, a pele divina, algumas celulites dão uma trégua. Ai, é tudo! Agora, quando se está com essa cor amarelo-cor-de-jaca-mole, não há nada que ajude. Pois é, mas futuca dali e futuca de cá, até que comprei um vestido num preço mais camarada que Valdir Perez naquela Copa em que engoliu um chester no jogo contra a Rússia. Ficou um espetáculo.
Também fomos ao La Place, restaurante que fica no último andar da V&D – loja de departamentos no centro da ciade que tem 4 andares – e enquanto tomávamos o café, contemplávamos a vista e discutíamos o futuro na Holanda. Ela dizia que não se vê vivendo para sempre na Holanda; que sente muita falta do sol. Eu, apesar de reclamar da falta de sol, acho que estou lidando melhor com o frio do que imaginava. Não largo a minha bike, que já passou dos 1.000 km pedalados e me solto por aí. Aliás, com relação ao inverno, eu não posso reclamar nada. Este foi o mais quente da história.
A questão-chave da minha adaptação aqui será a vida profissional. A vida social melhora a cada dia. Conheço cada vez mais pessoas, domino melhor a língua e, apesar de morar num lugar pacato, saio muito nos finais de semana e faço coisas diferentes. Ou seja, acho que é possível ser feliz aqui, sim. Claro qie sinto falta de várias coisas do Brasil, mas só os Titãs conseguem ter “Tudo ao mesmo tempo agora”. Eu vou devagarzinho, colocando as coisas no seu devido lugar, mas o sol vai ser um pouquinho mais difícil…
Inté povo, fui.

Imagem: cienciahoje.uol.com.br

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