Chego em casa do trabalho e logo a campainha toca. Abro a porta e o meu vizinho, com um sorriso orgulhoso estampado no rosto e um prato cheio de biscoitos com confeitos azuis, estende o braço e me oferece um. Sabendo da tradição, correspondo o sorriso e falo: ” Ah, een jongetje!” ( um menininho!).
Fiquei feliz pelo meu vizinho, mas não me atrevi a provar a tradiocional iguaria. É porque aniz é uma das poucas coisas nesse mundo que meu paladar não tolera. Sempre pensei: ” meu Deus, porque logo aniz!”. Garanto que não é nenhum atentado à minha integração. A tradição vem do século XVII e acreditava-se que o aniz era bom para a saúde da mãe; dava mais leite e ajudava nas contrações. Ah, e ainda dava uma forcinha pra espantar os maus espíritos. Imagina se a informação se espalha. O que vai aparecer de “trabalhinhos” nas encruzilhadas holandesas…
Não preciso esclarecer que azul é para meninos e rosa para meninas. Mas agora existem inovações e alguns veem em duas cores misturadas. Outro detalhe interessante é que quando uma criança da Família Real nasce, as muisjes são laranja.
Agora vamos explicar a história dos ratinhos, que aliás são comundonguinhos. As sementes de aniz tem um “rabinho” que lembram os pequenos roedores. Além disso, são considerados símbolos de fertilidade. Olhem só nessa foto. Não é que é verdade?
A gravidez e a chegada dos bebês aqui são recheadas de hábitos e costumes bem diferentes dos brasileiros. O sexo e o nome só são divulgados quando o bebê chega, através de um cartão ( não virtual). Ah, e não é educado abrir o bocão e soltar as famosas perguntinhas: ” É menino ou menina?” ” Já escolheu o nome?”. E pelamordedeus contenha-se e mantenha as mãos longe da barriga da grávida. Não é corrimão. Por segurança, cruze os braços, coloque nos bolso ou para trás. A cultura do parto natural em casa é outra história que gera muita polêmica, mas essa é uma longa discussão e que merece uma atenção em especial.
Amanhã vou visitar a vizinha pra conhece o baby. Será que vão me oferecer mais aniz… ai, ai. ai..