Cocada da bronca
Ontem, feliz e contente, perambulando pela feira, de repente tenho um encontro inesperado. Viro para o lado e vejo uma barraca com uns doces que me são mais do que familiares. Esfrego os olhos, acerto o foco e confirmo a minha impressão. Sim, era cocada sendo vendida aqui na Holanda. Tinha de amendoim, branca, algumas com anilinas, pintadas de verde, rosa com confeitos, mas sim, eram as velhas amigas cocadas, vendidas também nas baianas de acarajé. Chego perto curiosa, saco minha fiel companheira, a câmera fotográfica e foco bem na cocada. Eis que ouço em holandês, com sotaque do Suriname:” Ô Mevrouw, se não vai comprar, não vai tirar foto, não, hein! Não estou aqui o dia todo de modelo.” Respondemos que não íamos fazer nem uma coisa, nem outra e seguimos largando a velha resmungando a mesma história feito disco arranhado. Agora, pra falar a verdade, tinha até pensado em comprar, mas diante de tanta “gentileza”, óbvio que desisti. Outra coisa, a criatura não dava para ser modelo nem pra filme de terror. Quando voltar lá, vou levar uns presentinhos pra ela: um espelho e um guia de bons modos ou melhor, um guia do bom vendedor. Do jeito que ela vai, não vai atrair nem mosca pra cocada dela.
OBS: Claro que não tenho uma foto pra mostrar pra vocês, né?
Inté, fui. Depois tem mais!