Hoje já fui à Utrecht resolver umas coisinhas e voltava, pedalando como sempre, com o IPod no shuffle – no modo em que as músicas são tocadas de forma aleatória -. Assim como as músicas, os pesamentos vinham em forma randômica: “Dez meses, um inverno, muitas horas de aula de holandês, novas amizades, algumas entrevistas de emprego, praticando um esporte, escrevendo mais e mais, descobrindo novas habilidades, enfim, algumas boas surpresas e por enquanto, tudo de acordo com o esperado.” No geral, acho que levo uma vida mais saudável do que vivia no Rio e com todo o período de adaptação , menos estressante. Durmo melhor e não me falta lazer. Me preocupava muito o fato de sair de uma grande cidade e vir morar numa vila. Bom, até o momento, tenho aproveitado o melhor dos dois lados. A segurança e a tranquilidade de um lugar pequeno e, com a proximidade da cidade, não tem faltado eventos culturais. Também, de vez quando rola uma Girl’s eve, quando as amigas (todas estrangeiras) se encontram pra dar risada e bater um belo papo mulherzinha.
Sim, tenho saudades – e muitas – da família, dos amigos, do choppinho no final do dia, da espontaneidade e alegria brasileiras, da praia e muitas outras coisas, mas ao passar a régua, o saldo é positivo e me sinto feliz! E o que falta pra completar a felicidade? O tal emprego, que não tenho dúvida, está em algum lugar a caminho. Mas, não estou esperando sentada em berço esplêndido aguardando por ele. Procuro-o de forma sistemática e consciente, sempre atenta às oportunidades e sabem? Estou satisfeita com a minha performance até o momento.
Num desses e-mails, com as apresentações de power point que tanto odeio, li um texto interessante, atribuído a Martha Medeiros, (clique aqui e leia) que falava sobre prisão e liberdade. E hoje, entre uma pedalada e outra, lembrei dele. E é exatamente assim que me sinto no momento; se viver, em qualquer que seja a sua escolha, é uma forma de prisão, procuro cumprir a minha sentença, me ocupando em ser feliz e fazendo 1001 caipirinhas com os limões que aparecem pelo caminho.
Um beijo povo, inté
Imagem: O Pensador, Rodin (duistlandweb.nl)