Bailandesa

Pedalo, logo penso

No dia em que completo 10 meses de Disney do Queijo, cá estou eu na varanda, de camiseta regata, escrevendo pra vocês em mais um dia de verão, na primavera holandesa. É, tenho que aproveitar porque amanhã já são esperados 15 grauzinhos. E como aproveitei este final de semana! Imaginem que de 5a a domingo pedalei quase 90 km. Aliás, a bicicleta está quase tomando o lugar do banho para momentos de reflexão e inspiração.

Hoje já fui à Utrecht resolver umas coisinhas e voltava, pedalando como sempre, com o IPod no shuffle – no modo em que as músicas são tocadas de forma aleatória -. Assim como as músicas, os pesamentos vinham em forma randômica: “Dez meses, um inverno, muitas horas de aula de holandês, novas amizades, algumas entrevistas de emprego, praticando um esporte, escrevendo mais e mais, descobrindo novas habilidades, enfim, algumas boas surpresas e por enquanto, tudo de acordo com o esperado.” No geral, acho que levo uma vida mais saudável do que vivia no Rio e com todo o período de adaptação , menos estressante. Durmo melhor e não me falta lazer. Me preocupava muito o fato de sair de uma grande cidade e vir morar numa vila. Bom, até o momento, tenho aproveitado o melhor dos dois lados. A segurança e a tranquilidade de um lugar pequeno e, com a proximidade da cidade, não tem faltado eventos culturais. Também, de vez quando rola uma Girl’s eve, quando as amigas (todas estrangeiras) se encontram pra dar risada e bater um belo papo mulherzinha.

Sim, tenho saudades – e muitas – da família, dos amigos, do choppinho no final do dia, da espontaneidade e alegria brasileiras, da praia e muitas outras coisas, mas ao passar a régua, o saldo é positivo e me sinto feliz! E o que falta pra completar a felicidade? O tal emprego, que não tenho dúvida, está em algum lugar a caminho. Mas, não estou esperando sentada em berço esplêndido aguardando por ele. Procuro-o de forma sistemática e consciente, sempre atenta às oportunidades e sabem? Estou satisfeita com a minha performance até o momento.

Num desses e-mails, com as apresentações de power point que tanto odeio, li um texto interessante, atribuído a Martha Medeiros, (clique aqui e leia) que falava sobre prisão e liberdade. E hoje, entre uma pedalada e outra, lembrei dele. E é exatamente assim que me sinto no momento; se viver, em qualquer que seja a sua escolha, é uma forma de prisão, procuro cumprir a minha sentença, me ocupando em ser feliz e fazendo 1001 caipirinhas com os limões que aparecem pelo caminho.

Um beijo povo, inté
Imagem: O Pensador, Rodin (duistlandweb.nl)
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