Bailandesa

Nasce uma profissão

Como havia falado no post anterior, podia imaginar qualquer coisa, exceto que algum dia iria dar aula de dança aqui na Holanda. Também prometi que iria contar todos os detalhes da minha aventura simio-socio-cultural na festa de final de temporada no vôlei. Promessa feita. Promessa cumprida agorinha mesmo.

Começo pelo fim. Terminei a noite com o prêmio especial do “Gouden Schoen” (Sapato Dourado). Mas vamos explicar melhor essa história. Como sempre, as festas do vôlei têm um tema e dessa vez foi o Dançando com as Estrelas. A festa muito bem produzida, com júri e até votação por mensagem de texto, foi superanimada. Com música para agradar todas as idades e várias apresentações. Eram bailarinos clássicos, cowgirls, tigresas que formavam a perfeita e brega atmosfera do programa.

O meu time, representado apenas por 3 corajosas integrantes, combinou uma apresentação com o Heren 5, time masculino e eu tinha a missão – quase impossível, né? – de ensinar os fazendeiros holandeses a dançar, ao som de Mambo Number 5. Detalhe: eles estavam tipicamente vestidos, inclusive com klompen (tamancos holandeses). Não preciso dizer o tamanho do gorila que é dançar mambo vestida de dourado com plumas roxas para uma platéia de quase 100 pessoas. As fotos falam po si.

Pela primeira vez na vida, estava mais nervosa para falar do que dançar. A minha sorte é que da forma que foi feita, não precisei falar nada. A apresentação era o seguinte: eles fizeram uma versão com uma letra em holandês para a música. Então, primeiro eles cantaram, tentaram dançar e aí uma das integrantes do meu time disse que estava tudo errado e que ela tinha conseguido uma especialista vinda especialmente do Brasil para dar uma aula. Já viram, né? Armada com óleo de peroba para lustrar essa carinha hiper-maquiada, a bailandesa entrou em cena. Graças ao divino DJ, que colocou logo a música, nem precisei triscar no microfone. Apenas balançar este “corpinho”e dar uns passinhos pra lá e pra cá. Sei que no balança de cá e chacoalha de lá, a apresentação foi ovacionada e os coroas do Heren 5 ficaram todos orgulhosos da nova professora. Quem sabe não arrumo um emprego?


Sabem o que foi melhor? Foi sentir o calor humano das pessoas. O estereótipo do holandês sério, frio e distante passou longe do ambiente. O que vi foi gente se acabando de dançar, se divertindo e rindo à toa. E me senti parte disso tudo. Estar no clube de vôlei foi o melhor inburgering (integração) que poderia ter feito.

Beijos e inté, povo

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