Bailandesa

Samba, choro e saudade

Domingo passado recebi um presente. Uma amiga me passou uma mensagem no skype, dando as coordenadas para um show de música brasileira (choro e samba) em Utrecht, numa recém-inaugurada loja de café, a Coffee@company. Chequei na internet, vi que poderia ser uma boa, mas achei que no domingão, bateria aquela preguiça. Pois não é que o fofo namorido se animou todo e botou o maior fogo na história! Não deu outra. Pegamos as possantes e pedalamos à toda em direção à Utrecht e à música.

Chegamos a uma loja estilosa, com um som lounge rolando ao fundo. A decoração clean com um chão em madeira, móveis em couro (espero que artificial) e detalhes em aço era bonita e agradável. As cores dos letreiros e painéis davam mais um toque de modernidade. E a conexão wifi gratuita, que atrai uma tribo antenada e conectada, completava a atmosfera.

O que não esperava é que, depois de passar por toda essa modernidade, ao chegar no fundo da loja, num espaço aconchegante (até demais – tava quente) encontraria a mais autêntica roda de samba e choro. Detalhe: com exceção de Lilian Vieira, não havia um só músico brasileiro. A banda suingue 10 – espero que seja assim que se escreve – é formada por músicos holandeses e um alemão. Claro que todos têm conexões com o Brasil. Deve ser daí que vem o tal suingue.

Só posso dizer que ao ouvir os choros e sambas antigos, a bailandesa aqui “bailançou”. O coraçãozinho ficou pra lá de miúdo. Noel me enfeitiçou com o Feitço da Vila, as Folhas Secas de Nelson Cavaquinho molharam meus olhos e o Malandro, cantado originalmente por Elza Soares, emocionou a mim e à Lilian que, com a sua poderosa voz, também a cantou no bis. No final, o estiloso café se transformou num samba de quintal e numa roda de bamba. Maravilhosa e esperta iniciativa do dono da casa. Brasil, samba e café. Precisa mais?

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