Entro no último vagão de um tram (bonde) lotado, bem no horário do rush de manhã. Leio a seguinte mensagem no pequeno visor da máquina amarela onde você marca o seu strippenkaart e paga a viagem: “Buiten dienst” – que significa fora de serviço. Penso com tranquilidade no bilhete para todo o mês que havia comprado, apesar de até este dia, nunca ter visto uma vez sequer controle de bilhetes no tram.
As pessoas que se espremiam ao meu lado, claro nem pensaram em tentar fazer um raio X e atravessar as outras que estavma a sua frente apenas para chegar até a próxima máquina, marcar o seu strippenkaart e assim pagar a viagem. Mas como Murphy é onipresente e adivinho, estava lá neste momento e chegou acompanhado dos fiscais. Peguei minha carteira, mostrei meu bilhete, encostei-me na parede e assisti não exatamente de camarote, mas de boca aberta o furdunço que começava.
Enquanto o homenzinho multava todo mundo com uma maquininha em mãos (tipo um PDA), os cabeças-de-queijo indignados, reclamavam a alto e péssimo som que era impossível pagar com a máquina quebrada. O homenzinho paciente, mas firme explicava que existem máquinas no ponto e também na estação central – veja foto ao lado – e que o dever de todos é pagar pelo serviço. Depois de ver o quase espancamento do pobre fiscal, fiquei pensando: isso é que é gostar de reclamar, né? Os holandeses têm fama de reclamões, mas essa foi a maior demonstração que já vi até o momento. Jamais pensaria em fazer qualquer confusão se estivesse numa posição dessas. É, vivendo, aprendendo e se integrando…
