Bailandesa

Verão na Holanda. O último sol

Como se fosse para um baile de gala, peguei minhas havaianas e vesti o meu vestidinho de verão. Sim, sem mangas, alcinha, pernas de fora e atrevida que sou, não levei xale, echarpe e nem a surrada jaquetinha jeans. Neste final semana, assim como anunciado em todas as mídias, o sol daria o seu provável último sprint deste verão que logo, logo acaba.
Holanda - O último sol
Sempre falo por aqui como admiro a maneira como os holandeses veneram o sol. Não é preciso estar na praia de biquini para celebrar e sentir na pele os seus benefícios. Para o holandês, cada dia de sol é o último. O que se vê são pessoas sentadas na varanda, nos parques, nos cafés que, como girassóis, acompanham os raios solares.

Ode ao sol

Ontem, fui ao Uitmarkt, evento que marca a abertura da temporada cultural em Amsterdã, e como boa bailandesa, deitei na grama e ao som da música ao vivo, aproveitei  o último sol do ano. Hoje dormi na varanda e na espreguiçadeira,  mais uma vez fiz um tributo ao ócio e mais uma ode ao último sol de todos os tempos.

A fartura na amada Terra Brasilis nos mima e nos faz menosprezar o valor de muitas coisas. O céu azul quase diário, o calor de derreter catedrais – como dizia Nelson Rodrigues – e a natureza brotando exuberante a quase cada esquina nos faz esquecer do real valor de coisas tão simples, que fazem parte do nosso cotidiano brasileiro. Assim cantamos orgulhosos a gloriosa beleza natural do país, mas tal orgulho não consegue sair dos versos e se transformar em atitude.
Num país tão pequeno como a Holanda, onde cada árvore que se vê foi plantada pelo homem e com tantos dias frios e frequentes dias cinzentos, dá pra entender o carinho desse povo pelo meio-ambiente, pelos animais, plantas e a sua obsessão pelo tempo e veneração ao raro e ilustre visitante, o Sol. Aqui, aprendi a valorizar cada dia de sol e vê-lo sempre como se fosse o último.

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