Quando o assunto é beijo, o holandês é calça de veludo ou bunda de fora. Ou lhe dá logo três beijos ou nada. O engraçado é que, numa mesma noite, você pode começar com um formal aperto de mão e no final, depois de algum taças de vinho, já tascar três beijos na bochecha da mesma criatura pra se despedir. Vá entender…..
Mas de onde vem essa tradição dos três beijos?
A origem não se sabe, mas o lugar sim. Apareceu nas províncias de Limburg e Noord- Brabant. O interessante é que a Bélgica e a Franca são países econômicos em termos de beijo. Logo o costume não veio de nenhum desses países. Na Europa, além da Holanda, somente a Sérvia e a Suíça são adeptos do “drieklapper”, como eles aqui chamam o triplo cumprimento beijoqueiro.
Mas o negócio tem regra, não é só chegar e sair beijando. Primeiro mandamento do cumprimento na Holanda: beijo é pra familiares e mais chegados. Assim é explicado no Hoe hoort het eingelijk In Nederland, um guia para imigrantes que recebi das mãos do prefeito na cerimônia de naturalização.
Tem mais: nada de estalar aquele beijo molhado na bochecha da vítima. Os lábios quase não tocam a rosto da pessoa. É o que eles chamam de lucht kussen (beijo no ar). O guia ainda avisa: se quiser prevenir acidentes, comece pela esquerda. Depois e’ só’ seguir o fluxo indo para a direita e finalizar na esquerda.
E como fica no ambiente de trabalho?
Nada de beijinhos no dia-a-dia. No seu aniversário você ganha alguns, mas no primeiro dia de trabalho do ano, se prepare; é uma enxurrada de beijos, abraços, acompanhados de votos de feliz ano novo.
O engraçado é que para mim, beijar três vezes virou um gesto natural. Quando encontro brasileiros conhecidos, lá fico eu com a carinha no ar esperando pelo terceiro beijo. Essas são umas das muitas ironias da imigração.