Bailandesa

Jantando fora na Holanda. O que esperar?

A Holanda é o país mais caro para se comer fora na Europa Ocidental. Agora a realidade é que um bom atendimento nos Países Baixos à s vezes é tão difícil de encontrar como uma casa com mais de dois banheiros.  Mas o que você pode esperar do atendimento por aqui ?

A não ser que você esteja disposto a pagar muito, de uma maneira geral, espere:

  • Demora pra ser atendido
  • Chamar um garçom e ele dizer que não faz pedidos, mas também não chamar o/a colega que o faz
  • Ser ignorado, mesmo depois de acenar, dançar  e sapatear encima da mesa ou ameaçar fazer strip-tease
  • Demora pra chegar a conta ou o pedido
  • E claro, caras fechadas

E quanto custa comer fora na Holanda?

Segundo o FoodService Institut Nederland (FSIN)  Um jantar com e pratos custa em média 33 euros. Na França, o mesmo tipo de jantar custaria 24 euros. Nos Estados Unidos  e GRã-Bretanha, sairia ainda mais barato: em torno de 20 euros.  (Fonte NRC next)
 

Mas qual seria a razão de tanta falta de hospitalidade na Holanda?

Um artigo num jormal sobre o assunto que me fez voltar no tempo. Relendo os textos do Bailandesa.nl entre outros, vejo que, pelo caminho  de expatriada, fui encontrando respostas ou possível explicações. Clicando no links, você viajará comigo nessa trajetória,
 

A relação com a comida

Mal cheguei na Holanda e escrevi essa coluna no Brasileiros na Holanda falando sobre como brasileiros e holandeses se relacionam de forma diferente com a comida. De como a comida aqui é/era tratada apenas como alimento. Aqueles pães com queijos amassados num saco plástico como almoço povoaram meus pesadelos.
Acredito que para servir bem é preciso ter uma relação de amor e paixão pelo prazer de comer. Além de encarar o momento da refeição como um evento de troca de carinho, amizade e amor.

No decorrer dos anos, vemos como o interesse em gastronomia tem crescido. Também por aqui, programas de TV, filmes, livros de culinária se tornam cada vez mais populares. Vejo e sinto que há mais espaço e preocupação com o bem comer. Mas se isso se repercutirá no atendimento nos restaurantes e na preocupação em fazer o cliente de sentir confortável e bem-vindo, só o tempo dirá.

Dividindo (ou não) a comida

Hospitalidade requer generosidade e despreendimento. É o puro e simples prazer em servir bem. Seriam essas características fáceis de encontrar na sociedade holandesa? Pensando nisso, lembrei como estranhei a atitude dos holandeses em relação à divisão da comida. Ao chegar na casa de alguém na hora da refeição de forma inesperada, geralmente, o máximo que a pessoa conseguirá será um café ou chá. Quando a assunto é comer, o individualismo ganha de goleada. Quer testar? Vá ao um restaurante de tapas aqui na Holanda. O que você vê é que geralmente os holandeses pedem individualmente os seus pratos, enquanto nós brasileiros sempre dividimos petiscos.

Também tem a clássica história da latinha de cookies que passa pela roda dos visitantes e depois é devidamente fechada e levada de volta à cozinha. Generosidade muitas vezes é confundida ou está relacionada com abundância e esse não é um traço da cultura holandesa, sempre preocupada com despedício e exageros.
Não é preciso falar que cada povo tem sua história e nada acontece por acaso. A experiência da guerra e as influências do Calvinismo  têm a sua participação. Os parágrafos acima não são julgamento e sim uma constatação.

Eficiência mais importante que simpatia

Um restaurante é um negócio e dever gerar lucro, mas muitas vezes esse é o único  foco dos proprietários. O sorriso e a satisfação do cliente muitas vezes não são encaradas como uma recompensa –  ou até mesmo como investimento.

A eficiência dos processos ganha prioridade em relação à mão-de-obra. A atenção se volta aos móveis, ambiente, iluminação, mas não ao cliente. Ser eficiente é mais importante do que surpreender e encantar.  Eles criam sistemas,  automatizam o pedido, dividem o pessoal entre quem faz e entrega o pedido e tudo o que vemos é um atendimento impessoal, insípido e algumas vezes grosseiro. São disiplicentes estudantes que não se interessam pelo trabalho, erram e não se encaixam no papel de servir. Um mês depois da minha chegada já falava da saudade dos garçons brasileiros.
 

Será que o papel de servir serve ao holandês?

Aqui subordinados falam em pé de igualdade com seus chefes. É um país onde pessoas não pedem desculpas facilmente e autoridade não é uma das palavras mais populares. Acho ótimo viver numa sociedade onde busca-se a igualdade nas relações pessoais e de trabalho, mas também vejo muitas vezes exageros e arrogância. Sinto como se  exercer uma profissão onde a  atividade principal é servir ao outro, às vezes  seja encarado com uma forma de inferiodade.
Já compartilhei aqui  outras experiências em cafés e restaurantes holandeses, confiram essa minha ida a um restaurante aqui em Utrecht.

É sempre bom lembrar que existem exceções e ao falar de forma generalizada, sempre comentemos alguma injustiça. Mas e você já foi mal ou bem atendido aqui na Holanda? Como foi a sua experiência?

 
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