Bailandesa

O terceiro inverno na Holanda

Domingão preguiçoso. O sol bem que ensaiou uma entrada na manhã, mas tímido se deixou vencer pelo insistente cinza que sempre paira por essas bandas do planeta. A casa ainda  apresenta vestígios das férias, depois de uma semana trem-bala. Mas os restos mortais das malas mal desfeitas, me lembram mais fósseis pré-históricos. Nossa, parece que foi há tanto tempo!

À tarde, quando reúno forças para botar os pés e a cara na rua, sigo com o meu possante veículo de duas rodas para o bosque para uma caminhada com o (na)marido. As mão já sentem o incômodo do vento gelado e sinto que as luvas fazem falta (mesmo que só pra mim, aparentemente). As folhas acumulam no chão como um tapete de cor ocre. As árvores parecem cansadas do verde e resolvem nos presentear com a mais nova moda multicor.

Enquanto ando e admiro o show da estação, penso em como o passar do tempo nos faz ver as coisas de forma diferente. Vou encarar o meu terceiro inverno nas terras batavas e sinto que a minha expectativa já é bem diferente dos outros invernos.

Os invernos

O primeiro foi novidade, o aprender como se vestir e se proteger do frio, a esperança de ter neve no Natal e tudo mais. O segundo, que parecia uma repetição, na verdade ainda me trouxe alguns aprendizados. Agora o terceiro revela outros sentimentos. Apesar de gostar da estação – especialmente em dias azuis e bem frios -, sinto uma certa preguiça. Soa estranho, mas a verdade que já sei que apesar de bonito, pode ser longo e cinza. O frio não é o principal incômodo, a falta de luz sim. É, parece esquisito ,mas estou com preguiça do inverno. E olha que ele nem chegou. Como diz o ditado, acho que estou colocando o carro na frente dos bois ou morrendo de véspera, que nem Peru de um Natal que ainda vai demorar pra chegar, por sinal. É bailandesa, vamos segurar a agonia desse domingo marrento e curtir o bom de cada estação.

Inté povo, fui que amanhã a gincana da vida de imigrante trabalhadora recomeça.

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