Bailandesa

Coisas que gosto na Holanda

Nessa semana,  para comemorar os 5 anos de Holanda, resolvi selecionar um artigo por ano e republicá-los de segunda (13/06) à sexta (17/06). Hoje, o escolhido foi um texto de 2006 que fala bem do momento de adaptação dos primeiros meses. Os olhos fresquinhos de turista.


Toda vez que falo das diferenças culturais em relação ao Brasil sempre falo das esquisitices dos holandeses ou  kaaskoppen (cabeças-de-queijo). Fica parecendo que mal cheguei e já estou entrando na fase dois. Explicando: li num artigo da Elisângela Kanacilo a seguinte descrição dos períodos de adaptação:
Fase 1 : alegria total, fase turística, em que tudo é lindo e perfeito na nova “casa”
Fase 2 : ódio total, nada presta no novo país. Tudo na nossa velha “casa” é melhor e certo.
Fase 3 : falando a língua e entendendo as regras, tudo volta a fazer algum sentido.
Fase 4 : a integração verdadeira, se é que ela realmente existe. (As fases- light)
Acho que talvez estou entrando na fase 1 e meio. Já existem alguns sinais da segunda fase, mas enquanto ela não se instala de vez, deixa eu falar logo das coisas que gosto:

1) Carinho com a casa

É incrível como as aqui as pessoas se preocupam e cuidam do lar doce lar. Ao entrar numa casa holandesa – pelo menos, nas que até hoje entrei – você se depara com um cenário montado com muito carinho e capricho. Se você conseguir enxergar através da selva, quase amazônica, em função da quantidade de plantas na sala de estar, vai conseguir ver os enfeites na janela ou no jardim de inverno, as fotos da família e os objetos que dão o toque pessoal na casa. Sem falar no jardim, né? O orgulho de todo holandês. A qualquer sinal de sol, mesmo dos fraquinhos, eles aproveitam pra cuidar do jardim. Só estive aqui no inverno por 3 semanas, mas imagino que quando se passa tanto tempo dentro de casa, com um tempo medonho é importante ter uma casa aconchegante ou gezellig, como eles dizem (leia-se algo próximo de rezelarrrr)

2) Cartões

Como quase todo mundo que está lendo esse blog, sou uma usuária frenética do e-mail. Uso esta ferramenta para dar parabéns, fazer convites, pedir desculpas ou qualquer coisa que queira comunicar. Mas a sensação de abrir um email não se compara ao de abrir uma carta ou cartão real. Aqui na Holanda, o hábito de usar o correio normal ainda existe. A tradição de mandar cartõers de aniversário, convites e cartões anunciando nascimentos se mantém. Acho muito legal.

3) O Respeito à privacidade

Uma das coisas que mais me irritam no Brasil é como as pessoas te olham. Sabe aquele olhar de raio X dentro do seu carro no sinal de trânsito. Ou pior: quando a galera do busão lança o olhar de raio X panorâmico! Sem falar em janelas, apartamentos e etc. Aqui a minha primeira sensação é de que as pessoas tem mais respeito à privacidade. Não lançam olhares investigativos lá da rua para dentro da casa, para dentro do seu carro ou para você na rua. Pode ser que seja uma coisa enrustida, menos escancarada do que no Brasil, mas me sinto menos invadida aqui. Quem sabe não é uma das vantagens da chamada “frieza nórdica”.

4) Tranquilidade em relação ao corpo

Já que estávamos falando em relação a maneira das pessoas olharem para você, lembrei de uma outra coisa que me incomoda muito no Brasil. A nossa paranóia em relação ao corpo. Aliás, da qual faço parte! Também conto calorias e arranco os cabelos quando a balança inventa de fazer maldades comigo. Aqui eu não vejo esse desespero em busca do Santo Graal da Magreza. A minha primeira impressão é de que as pessoas aceitam mais o próprio corpo e a inevitável lei da gravidade que nos abate com o passar do tempo. Acho que o clima e a quantidade de roupas que se usa também influem nisso, né? Andar toda coberta bem que ajuda! Perto do próximo verão, quero só ver se a mulherada aqui não faz regime pra entrar no biquini!
 

Imagem: non ducth – guidje.nl
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