Bailandesa

O xinxim e o chabu

Depois de fazer a feira e não poder cozinhar do final de semana, amanheci decidida a fazer o xinxim ontem. Já havia temperado a galinha e, depois de um longo café da manhã, já que Ron decidiu trabalhar em casa, comecei os preparativos. Fiz as farinhas de castanha de caju, amendoim e camarão seco e quando resolvi colocar a garrafa de dende na água quente, porque o dendê aqui não é líquido, o fundo da jarra caiu e lá se vai água quente pelo chão da cozinha e, é claro, na minha coxa, que queimou consideravelmente. Antes que vocês venham me dizer qualquer coisa, sim, a jarra era de vidro bem grosso e não esperava que isso acontecesse. É assim que acidentes acontecem. São coisas inesperadas. Não quero ouvir; “eu te disse, eu te disse, você devia fazer isso ou aquilo”.

Bom, continuando: aí, começou a correria. Fomos pro chuveiro para resfriar e depois fomos para o médico. Olha, já ouvi horrores sobre médicos aqui na Holanda, mas não posso falar nada do atendimento. Fui bem atendida e eles foram simpáticos. A única coisa é que, para a dor, ele queria me dar apenas Paracetamol (elixir miraculoso, receitado aqui na Holanda para desde espinhela caída até dor de cotovelo.) Aí, a bailandesa aqui chiou: “dokter, o senhor tem certeza que é suficiente?”. E ele disse que sim! Bom, com a ajudinha de Ron e forçando um pouco a barra, consegui minha receita de cataflan. Acho que o povo aqui não deve sentir dor ou então é raçudo mesmo! No Brasil já iam te dar um Tylex ou algo remedinho que te faz ver duendes. Ron, me levou pra casa e seguiu para a Apotheek (farmácia) comprar o material de curativo e o santo cataflan. Na farmácia, a atendente perguntou se era algo grave porque esse remédio era muito forte. Imaginem! No Brasil, país da auto-medicação, cataflan é vendido feito bala no camelô. Aqui dá pra notar o cuidado com a venda de medicamentos. Os remédios vêm com o seu nome e tudo é controlado. E isso é muito bom. Tudo fica registrado e eles mantém um histórico do que você tomou.

Vocês devem estar perguntando e o xinxim? Bom, depois de tudo calmo em casa, passei as instruções para o meu fiel escudeiro e companheiro e ele terminou o ofício. Comemos o xinxim no jantar que, depois de todo estresse, ficou gostoso mas obviamente precisa de alguns aprimoramentos na execução. O problema é que eu agora ficarei mais tempo de molho do que a galinha no tempero. Acredito que na próxima semana estarei melhor e pronta pra batalha gutural nas aulas do James Boswell.


Beijos impacientes..

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