Bailandesa

Viva Brasil! Gal Costa revisa carreira e mostra coragem de inovar

Gal Costa (c) Ron Beenen

Gal Costa faz parte da história de gerações (c) Ron Beenen

Imagens: Ron Beenen

Gal Costa foi a primeira grande atração do Festival Viva Brasil. No seu show Recanto, a cantora baiana conseguiu inovar e ao mesmo tempo fazer um tributo aos seus mais de 40 anos de carreira.

Ceumar abre o show de Gal

A cantora holandesa Josee Koning, foi a anfitriã da noite e representou muito bem a conexão musical entre o Brasil e Holanda. Mas quem abriu a noite foi Ceumar. Com a pureza da sua voz, acompanhada apenas do seu violão e a sua delicada musicalidade, encheu de poesia o salão do teatro de RAI em Amsterdam. Parecia que qualquer outro elemento no palco seria excessivo. Ceumar no formato voz e violão é Ceumar em essência e no seu melhor. Foi o perfeito aperitivo para o que estava por vir.


 

O Recanto de Gal Costa

A voz de Gal transcende a própria figura da cantora e é quase um personagem à parte na música brasileira. No show Recanto, dirigido por Caetano Veloso e Moreno Veloso, tudo pareceu ser feito para exaltá-la. A esterilidade dos elementos eletrônicos ressaltaram a precisão da voz de Gal e o minimalismo no palco tornaram a sua intepretação ainda mais intensa.

O show começou dramático. Gal sentada, vestida de preto, com apenas um foco de luz sobre o rosto, cantou “Da Maior Importância”, do seu disco Índia de 1973. Em seguida, continuou com “Tudo Dói” e “Recanto Escuro”, duas das canções especialmente compostas por Caetano para esse projeto. O tom era intenso e quase sombrio, mas quando a plateia, quase sem respirar, pensou que Gal permaneceria no seu “Recanto Escuro”, ela ressurgiu com uma versão inovadora de “Divino Maravilhoso” e estendeu os limites do seu territorio.

A estética escolhida por Caetano lança Gal para novos desafios mas, ao intercalar sons do novo trabalho com músicas escolhidas dos seus discos mais importantes, conta a sua trajetória de forma harmoniosa. O formato certamente foi aprovado pelo  público em Amsterdam.

A voz parece ser a linha mestra a contar essa história. Ao cantar Autotune Autoerótico, Gal fez referência às inovações tecnológicas da indústria musical: “Não, autotune não basta para fazer o canto andar / Pelos caminhos que levam à grande beleza”. E  na emblemática “Minha Voz, Minha Vida”, desta vez numa versão frágil, acompanhada pelo violão de Pedro Baby, ela reafirmou que a sua voz é “a sua bússola e desorientação.” Em certos momentos, sentimos falta do brilho da juventude em sua voz, mas Gal provou porque é ainda a diva e musa de tantos.

Acompanhada de Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão) e Bruno Di Lullo (baixo), Gal parece se encher de vitalidade. Ela ganhou nova energia ao repaginar canções como “Mãe”, “Baby” – com um solo virtuoso de Pedro Baby, por sinal – mas também ousou em misturar o beat Afro e o funk carioca no Miami Maculelê, última música da apresentação. No bis, dentre outras, ela volta com “Força Estranha”. Só podemos desejar que Gal continue com essa voz tamanha.

Festival Viva Brasil

O Festival Viva Brasil continua nesse final de semana, com Carnaval de Pernambuco, Spok Frevo, fechando com Djavan, com show de abertura de Lilian Vieira.  Confira as outras atrações.

Imagens: Ron Beenen

Sair da versão mobile