Bailandesa

Vai uma caroninha aí?

O dia amanheceu cinzento, mas com um toque de Brasil no ar. Não tenho aula porque há uma greve de transportes públicos na quatro maiores cidades: Amsterdã, Roterdã, Haia e Utrecht. A paralização dura de 9 às 4 da tarde e é um protesto à intenção de privatizar as empresas de trem e ônibus. Os trabalhadores do setor acreditam que as condições de trabalho piorarão, caso isso se concretize. Acostumada com o transporte público no Rio, onde as empresas são privadas e temos motoristas-boiadeiros – aliás, acho que os boiadeiros têm mais cuidado com o seu gado do que eles com os seus passageiros – acho que os ônibus aqui são supereficientes, confortáveis e pontuais. Ok, se considerarmos atrasos de 2 a 4 minutos o fim do mundo, podemos dizer que eles às vezes atrasam. Ainda não tive muita experiência com os trens. Fui somente algumas vezes para Amsterdã e achei confortáveis e pontuais. Não sei como é na hora do rush, mas com certeza não se compara ao metrô do Rio, que apesar de novo e limpo, na hora do rush, é igual à pipoca do Chiclete (para os baianos) ou saída de Maracanâ em dia de decisão. Se realmente a venda ocorrer, será mais uma empresa pública privatizada. A empresa de correios (PTT-Post) recentemente foi comprada pela TNT. Onda de privatização? Não sei, mas sei que as ciclovias devem ficar ainda mais lotadas e os que os táxis, que já são um roubo, vão lamber os beiços hoje.

Já que o assunto é transporte, ontem, depois de três semanas de quase total imobilismo por conta do meu pernil à pururuca, dei a primeira voltinha de bicicleta. Fui à Hessenweg (a Champs Elysee aqui da roça) comprar umas coisitas, fui no correio e voltei correndo por conta da chuva que se aproximava. Por sinal, o tempo aqui anda pra lá de doidão. Amanhã, em plena metade de novembro, são aguardados inacreditáveis 17C. Parece até pirraça, né? Só porque comprei um monte de roupa de inverno!

Curtinhas

1) Ontem recebi a nota de um teste de luisteren feito na 2a feira. Esse é um teste que avalia a sua capacidade de compreensão ao ouvir essa sinfonia tão “suave e delicada”que é o holandês. Para o meu total espanto, recebi um goed ( nota máxima). Em 12 questões errei só uma. Será que os meus ouvidos estão melhorando ou foi o Bobó de camarão e o pão-de-queijo na casa de Márcia do domingo ?

2) O final de semana promete. No sábado, temos a festa anual do clube de vôlei de Ron. O tema é oktoberfest. Socorro! Alguém pode me ajudar? Como posso eu, uma bailandesa legítima, me transformar numa autêntica “alemoa”? Será que a caipira de São João quebra o galho? Pensa que terminou? Nada. No domingo ainda tem o aniversário de uma amiga nossa lá em Amsterdã.

2) Para quem gosta de novidades e exposições esquisitas, a partir de 25/11, em Amsterdã, no Beurs van Berlage, começa uma polêmica exposição de corpos totalmente preservados em poses reais do nosso cotidiano: praticando esportes, na sala de aula e etc. Mais de 2 milhões de pessoas já viram nos Estados Unidas e na Inglaterra. Claro que a confusão já começou. Grupos de direitos humanos estão preocupados com a origem de alguns corpos que teriam vindo da China. O receio é que sejam de prisioneiros políticos ou dissidentes executados. A empresa responsável pela exposição garante que todos os corpos vieram do Dalian Medical University, que por sua vez, atesta que eles vêm de diversas fontes e que são indigentes, nunca reconhecidos ou procurados por familiares. Dei uma olhada no site e as imagens não são chocantes. Apesar de mórbido, é interessante, mas definitivamente não é o meu negócio. Quer dar uma espiadinha, clique aqui.

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