Bailandesa

Quem procura acha

Parece que a Ministra Verdonk gosta mesmo de brincar com fogo. Acho que agora ela quer competir com Florentino Fogueteiro. Se juntarmos as últimas notícias de que soldados holandeses teriam torturado prisioneiros no Iraque, a proximidade das festas de final de ano, que sempre é uma época mais propícia a ataques terroristas e as eleições, vemos que a última coisa que precisamos é essa proposta de proibição das burqas, a assunto que já tem suscitado protestos da comunidade islâmica e já desperta receio de reações violentas no exterior. Já havia comentado aqui que o argumento utilizado é de que a burqa impede o contato visual, prejudicando dessa forma a comunicação e por consequência a integração da pessoa à sociedade. Outros argumentos utilizados são a segurança e perturbação da ordem pública. Verdonk insiste que não há obstáculo legal à proibição, mas me pergunto se o próprio bom senso não seria motivo para se repensar numa lei que vai atingir a um número ínfimo de 50 mulheres que usam a vestimenta aqui na Holanda e que pode ser mais um tijolo assentado no muro de intolerância que vem sendo construído nos últimos dois anos.
Amanhã acontecem as eleições legislativas aqui na Holanda, que foram antecipadas após a queda do Governo em julho passado, precedida de uma tumultuada discussão sobre a imigração. A rigidez da ministra da Imigração provocou a ruptura da coligação governamental anterior entre democratas cristãos (CDA), liberais de direita (VVD) e de esquerda (D66). Eu tinha acabado de chegar e tudo me parecia muito estranho. Um governo cair por causa de uma discussão sobre a legalidade do visto de uma mulher, na época membro do Parlamento, que há anos atrás, teria mentido para obter a sua permissão de permanecer no país. Vendo toda essa confusão aqui na Holanda e comparando com todas denúncias de corrupção no Brasil, tudo me parecia exagerado e nonsense.
A verdade é que a imigração é o ponto nevrálgico dessa campanha eleitoral. O governo, composto por uma coalizão entre democratas-cristãos e liberais, vem tomando medidas cada vez mais restritas de imigração e pedido de asilo, lideradas pela ministra de aço. Existe a intenção de expulsar 26.000 imigrantes ilegais, dentre os quais muitos já têm filhos nascidos na Holanda. Hoje, mais de dez crianças esperam na cadeia o repatriamento, vivendo numa cela com os seus pais, que claro, não querem separar-se dos seus filhos. Abaixo, você vê um dos vídeos da campanha do VVD, partido de Verdonk. Você pode ver os números da imigração, que são divulgados como um argumento de campanha. Quanto menos imigrantes, melhor.

Confira aqui um artigo com vídeo do Euronews sobre a questão da imigração e as eleições na Holanda.

Até o momento a direita lidera nas pesquisas (com tendência de queda) e é suportado por um crescimento na economia e redução do índice de desemprego. Tudo isso conquistado a um custo de uma política de privatização e corte de gastos, principalmente sociais. Hoje mais holandeses trabalham mais horas por dia e até a uma idade mais avançada do que há dez anos atrás. Amanhã a população dirá se aprova ou não o novo modelo econômico e social da Holanda.

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