Não se assuste se ao chegar em algum lugar na Holanda, não encontrar a plaquinha dos banheiros feminino e masculino. Uma pesquisa sobre a neutralidade de gênero na Holanda mostra que prefeituras adotam (ou pensam em adotar) cada vez mais medidas para oferecer um tratamento neutro aos seus moradores e turistas.
A Holanda foi o primeiro país do mundo a regulamentar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e tem tradição de inclusão e pluralidade. Num momento em se discute tanto a identidade de gênero e orientação sexual, a NOS, emissora pública de TV e rádio, fez uma pesquisa sobre a neutralidade de gênero na Holanda com 150 municipalidades. O que se vê é que as prefeituras estão adotando cada vez mais medidas para promover um tratamento mais neutro em relação aos gêneros dos seus moradores e visitantes.
Medidas para promover a neutralidade de gênero na Holanda
Banheiros unissex
Das 150 prefeituras participantes, quatro (Enschede, OSS, Arnhem e Veenendaal) afirmam ter banheiro unissex nos seus prédios. Arnhem aboliu as plaquinhas de banheiros feminino e masculino e outras 24 estão pensando em adotar medida semelhantes.
Maneira neutra de se comunicar em cartas e documentos oficiais
Mais e mais prefeituras tentam ter o mínimo possível de perguntas relacionadas ao gênero em formulários. Em 21 uma delas já é uma medida concreta e 45 tem planos de seguir o exemplo. Claro que existem limites: quando o assunto é solicitação de seguro-desemprego ou benefícios sociais, fica mais difícil não relacionar com o gênero. As prefeituras também querem evitar o tratamento Sr./Sra. na sua comunicação escrita.
Amsterdam adota o guia da linguagem arco-íris
Amsterdam lançou um guia da linguagem do arco-íris (Regenboog taalgids) para os seus funcionário públicos se comunicarem de forma mais inclusiva. Nada obrigatório, mas sim dicas para melhorar a comunicação. Então nada de Senhores e Senhoras””, mas “Olá Pessoal” . Amsterdam quer continuar sendo a cidade onde todos se sentem bem-vindos. O guia foi lançado exatamente antes da Gay Pride, Parada Gay de Amsterdam.
Neutralidade de gênero: e como ficaria em português?
Em português fica mais complicado: temos flexão de adjetivos segundo gênero; além de artigos e substantivos femininos e masculinos. No holandês, os artigos “de”en “het” não têm relação com gênero. Aliás – cá entre nós – não têm relação com nada. Existem muitas regras que não valem a pena aprender. O negócio é aprender qual artigo se aplica à determinada palavra. Mas voltando ao nosso lindo, bom e velho português, a língua neutra ou não binária já existe e é um vertente nova que troca o “o”ou “a” por x ou usa pronomes em espanhol como “su””mi”.
A questão da inclusão vai muito além da língua, mas já pode ser um primeiro passo. E se fizer alguém se sentir melhor e mais incluído, esse passo terá sido na verdade um voo.