Bailandesa

Na rua, na chuva ….

Quase que joguei as minhas mãos para o céu, mas não pra agradecer e sim pra suplicar. Depois de duas provas de holandês que fizeram suflê do meu cérebro, fui pra casa com a intenção de relaxar e nem pensar no resultado que sai daqui a 3 horas ( ai que mêda). Peguei a superbike e o vento gelado nas orelhas me fazia pensar na praia de Ipanema no Rio, em Guarajuba na Bahia e na vontade de chegar logo em casa. Quando abro a porta de casa, jogo as chaves na gaveta, como de hábito e vejo que o caminhão do lixo, que só passa uma vez por semana, está se aproximando. Óbvio que havíamos esquecido de colocar o saco no local de recolhimento. Que é que acontece? Pego o saco, saio correndo e bato a porta….
Sentiram, né? Com um saco de lixo na mão e titica de galinha na cabeça, estava eu na porta de casa, sem poder entrar, chovendo e com 10C de temperatura. Detalhe mórbido: o celular também estava dentro de casa. Outro detalhe, talvez ainda mais mórbido, é que tenho dois chaveiros. O da bicicleta também tem a chave de casa. Fiz isso justamente pra esta situação nunca acontecer! Mas é óbvio que coloquei os dois molhos de chave na gaveta. A minha sorte é que estava com o casaco, com as luvas e a minha bolsa. Bom, o saco de lixo foi recolhido e eu fiquei na rua. Comecei a botar o suflê pra funcionar. Primeira idéia: ” – ah, os vizinhos têm uma cópia da chave!” Imediatamente toquei a campainha e nada. Eles não estavam em casa. Bota a cachola pra pegar no tranco e lembrei: “- humm os pais de Ron também têm um cópia! O problema é que eles moram a uns 3 km daqui e eu não tinha a chave da bicicleta. Também não tinha um telefone à mão pra saber se eles estavam em casa. Sem falar na vergonha de pagar o mico de tentar explicar essa história ridícula em holandês. Terceira e última opção: ir até o trabalho de Ron pra pegar a chave dele. Optei pela terceira, claro Só que pra chegar lá de ônibus é a maior contra-mão. Andei uns 30 minutos no frio e na chuva até chegar no ponto de ônibus. Nunca Ipanema e Guarajuba estiveram tão vivas na minha cabéça! Acho que até de Matte-leão, que eu odeio com todas as forças, eu senti saudade nessa hora. Pro meu azar, Paula Toller se esguelava com Lenine no meu Ipod cantando “Na rua, na chuva, na fazenda…”. Música mais inoportuna impossível.

Quando finalmente, consegui chegar no trabalho de Ron, ele me olhou com um uma cara de quem tá vendo alma penada. Até esfregou os olhos pra ter certeza que não era uma visão do além. Depois claro que tomamos um café rimos muito da situação. Como tudo que começa errado geralmente não termina bem, na volta, ainda saltei um ponto antes e andei muuuuuuuito mais do que o necessário pra chegar em casa. Parafraseando Nelson, “Toda estupidez será castigada”.

beijo, inté
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