Bailandesa

Adoção na Holanda

Com todo aquele show na mídia proporcionado pela adoção de Madonna, não pude deixar de pensar no assunto e, por conseqüência, em todas as últimas adoções étnicas feitas por famosos. Comecei a imaginar como seria a adoção aqui na Holanda. Será que esse assunto reservaria alguma diferença cultural ou surpresa para mim? Por coincidência, semanas atrás li no Dutch News que, desde que as leis de adoção foram implementadas em 1955, dois terços das 60.000 crianças adotadas na Holanda vieram de outros países. E que, diferentemente dos anos 70, quando a maior parte das crianças adotadas vinha de países como India, Indonésia e Columbia, hoje, a China é o país mais popular na hora da escolha. A informação ficou registrada, mas não tive tempo de investigar muito sobre o assunto e só agora pude dar continuidade.

Naquele momento, eu divagava: será que aqui, um país que tem uma forte cultura de doações, a adoção seria encarada como uma forma de ajuda, de caridade? E que por isso, as crianças holandesas seriam preteridas pelas de outra nacionalidade, na sua maioria de países mais pobres? Mas, quando fui um pouco mais a fundo, lendo e “googlando” descobri outros motivos:

1. Insegurança

Um dos fatores que mais desestimulam a adoção doméstica é a possibilidade dos verdadeiros pais reclamarem a guarda durante o primeiro ano. O medo da decepção e da dor da separação, associado às longas lista de espera são fatores que estimulam potenciais pais holandeses a procurarem por crianças estrangeiras.

2. O Tempo de duração
O tempo de duração do processo é de 4 anos a partir da primeira solicitação. Em países como Inglaterra ou Estados Unidos, na maioria das vezes, é uma questão de meses. A maior parte do tempo – aproximadamente 29 meses – é gasta na espera pelo Begintseltoestelming (teste inicial). A exigência de que os pais adotivos passem por um curso antes de começar o ‘gezinsonderzoek’ (pesquisa da família) é provavelmente o gargalo da história. O curso se extende durante 3 meses, quando consiste de apenas de 6 aulas com duração de um turno de meio dia cada cada. Os ansiosos candidatos, às vezes, têm que esperar 2 anos por um curso de 18 horas. Isso não é tudo, pais acima de 42 anos têm que passar por um outro processo e esperar pelos resultados (embora o seu acesso ao curso preparatório seja acelerado). O triste disso tudo é que quanto maior tempo de espera, menores são as chances das crianças serem adotadas. Crianças mais velhas têm mais dificuldades para encontrar possíveis pais adotivos.

3. Custo
E qual seria o custo de se adotar uma criança na Holanda? Os pais pagam cerca de 900 euros pelo curso e nada pela pesquisa. No entanto, pagam entre 7.000 e 14.000 euros para o Vergunninghouder, pessoa/agência responsável por encontrar a criança e os pais ainda pagam as despesas de viagem, acomodação e taxas.


4. A Escolha
Os pais não podem por eles mesmos encontrar uma criança. Todo o processo é feito pelos Vergunninghouders que não têm a capacidade de atender a todas as solicitações. Sem falar que quando a escolha feita pelos próprios pais, este é o primeiro passo para a criação de um laço afetivo.

5. Idade
Existem rígidos limites de idade. Pessoas com 41 anos podem somente adotar crianças acima de 1 ano. De 42 a 45, somente crianças acima de 2 anos e pessoas acima de 44 anos não podem nem ingressar no sistema de adoção. E mais: pessoas que completam 46 anos sem concluir o processo, também são impedidos de adotar uma criança.

6. Casais Gays
O casamento de pessoas do mesmo sexo é reconhecido na Holanda, mas os casais gays têm apenas a opção de adotar uma criança nascida aqui. O vídeo abaixo é um bom exemplo de como o assunto é discutido de forma aberta aqui. Esta apresentação foi feita no Programa Kinderen voor Kinderen (Crianças para crianças).

Espero que as informações acima possam ajudar de alguma forma a quem pensa em passar pelo processo. Você pode encontrar mais informações aqui em holandês e um pouco mais aqui em inglês.

Sair da versão mobile