Já são 6 anos de praia (ou de chuva) aqui na Holanda e olhando pra trás, devo dizer que as minhas habilidades ciclistíscas melhoraram sensivelmente. Já não tremo quem nem vara verde quando um carro desponta a 500 metros de distância, já não fico estressada esperando o sinal abrir e ser quase atropelada pelos ciclistas apressadinhos perdi o medo do tim-tim histérico da campainha das bicicletas nativas. Enfim, a cada dia me sinto mais confortável na magrela e pago cada vez menos micos sobre duas rodas.
No entanto, existem diferenças entre se virar com a bicicleta na Holanda e ser holandês. Os cabeças-de-queijo já nascem com a bicicleta entre as pernas e acho que aprendem a pedalar antes de andar. Para se ter uma noção são 18 milhões de bicicletas; uma média de 1,1 bicicleta por habitante. A produção em 2008, a maior da Europa, foi de quase 600.000 undades. Assim, já viram que dá pra se integrar, mas não dá pra competir, né?
Para desabafar as minhas frustrações ciclísticas, resolvo mostrar o que ainda não sei e talvez nunca aprenda a fazer numa fiets ( bicicleta em holandês)
Sem usar as mãos
Para os holandeses, usar as mãos enquanto pedalam é um ato supérfluo. Por isso, enquanto pedalam para o trabalho, eles:
E se tiver alguma ameaça de chuva, não tem problema. Eles sacam o guarda-chuva com a maior elegância e continuam as suas atividades matinais.
Transporte de carga
A bicicleta também é um meio para transportar qualquer coisa: compras, colchões, malas, animais domésticos e tudo o que a sua imaginação permitir. Uma das coisas que não consigo de jeito nenhum, é pedalar carregando algo atrás da bicicleta usando uma das mãos como suporte. Se tiver que parar no sinal, empaco de vez e não tem quem me faça reiniciar a pedalada.
O meu pé esquerdo
Outra coisa que não consigo nem com reza braba é começar a bicicleta com o pé esquerdo. É, até pra pedalar tem que ser com pé direito. Essa dificuldade me impossibilita de parar no sinal, me apoiar com o pé esquerdo na calçada e recomeçar. Também não consigo segurar no pilar, onde fica o botão do sinal de trânsito e seguir o meu caminho, quando a luzinha verde acende.
Gulosos
Pensam que acabou? Nada. A minha incapacidade ciclística parece não ter fim. Não contentes em pedalar bem com uma bicicleta, os holandeses `as vezes desfilam com duas!
A cruzadinha elegante
E por último, a minha frustração maior. Eles tem um jeitinho todo elegante de montar na bicicleta: colocam o pé esquerdo no pedal do lado esquerdo e cruzam a perna por cima da bicicleta. Os homens passam a perna direita por trás e as elegantes damas passam a perna direita pela frente da bicicleta. Olha, já tentei de todo jeito, mas, quando o assunto é pedalar, acho a minha elegância se afogou no Oceano Atlântico durante a travessia.
Pois é, os desafios da vida de imigrante são intermináveis e a gente tem que manter literalmente o equilíbrio e não perder o rebolado, mesmo que seja em duas rodas.
56 comments
Adorei, Clariss! hahaha
A cruzadinha elegante eu até faço, mas o resto…
Aqui o povo me surpreende por andar de bike num frio de -20C e nevando! hahaha Mas isso eu não quero nem tentar…
Bjs!
Excelente!
A seção de fotos está maravilhosa. Muito engraçada, representa perfeitamente o que é um holandês andando de bike. A foto lendo o jornal e a outra com uma mão no guarda-chuva e outra no celular estão demais.
Tenho que dizer que em geral tbém não consigo iniciar a pedalada com o pé esquerdo. Só se eu estiver apoiada na guia da calçada com o pé direito aí começo a pedalar com o esquerdo, sem problemas. Mas levantar o corpo e dar o impulso com o esquerdo já é mais complicado. 😛
Quanto a cruzadinha elegante é minha frustração não fazê-la, mas não desisti e ainda vou aprender. 🙂
O post está muito legal! Parabéns!
Beijo,
ótimo post! Eu consigo pedalar com uma mão só, mas o estranho é que é com a esquerda! Apesar de ser destra se tirar a mão esquerda da bicicleta corro um sério risco de cair!
Ah, adorei a produção também. Qto o modelo cobrou pelas fotos? rs…
bjs
Quanto o modelo da foto cobrou? hahahhaha Muito engraçado o seu post! Quando nos vemos de novo?
beijo,
Realmente é difícil manter o equilibrio e confesso que já cai no meio de um sinal desses, cheio de ciclistas e com o meu filho que na época tinha 1 ano e meio na cadeirinha. Foi uma sena triste de se ver…ainda tenho a marca da queda!!!
Puxa… Também não sei fazer nada disso!
Eu suei frio so’ de ver essas fotos, tenho verdadeira fobia de bicicleta!!
Cla, que post engracado!!!
Tem so mais uma coisa que faltou e talvez o seu modelo nao vai querer fazer: ander de bicileta de saia super curta sem ter medo de ser feliz..hehehe
Super beijo!
rsrs, mas esse é um holandes super ninja!
Flavita, pois é.. nem a cruzadinha eu sei fazere pedalar com -20, nem pensar. Meu recorde foi -6… bj
Carla, ainda bem que achei mais alguém que não sabe iniciar com o pé esquerdo..
Ah, também não desisit da cruzadinha, não! Obrigada pelo comentário
MC.. sou igualzinha. Também sou destra e de uma mão, só rola coma esquerda. Acho que como somos destras o nosso equilíbrio fica mais do lado direito. Assim, mesmo sem a mão no guidão deste lado, conseguimos nos virar. O modelo foi bonzinho.. cobrou baratinho pelas fotos…
Batateira, vamos desenrolar essas agendas e marcar logo isso! O modelo foi muito generoso e cobrou baratinho hehehe
Bruna e Nani, se ajuda.. eu também não sei fazer nada disso… :))
Malka, vc tem toda razão, mas nesse ponto estou quase chegando lá ….
Jura, Kerla? Olha caí duas vezes, mas nada sério… que bom que ficou tudo bem com vocês.
Si, ele e mais tantos milhões de holandeses.. :))
Um dos melhores posts da Bailandesa.nl! Já compartilhei loucamente, com grande sucesso 🙂
E eu aqui morrendo de vontade de morar numa cidade evoluída onde a bicicleta pudesse realmente ser o meu meio de transporte…
Até dou minhas pedaladinhas, mas com as duas mãos no guidão. Quando à cruzadinha, só se fr apra elvar um tombão bonito….
Bjo, mana.
Oi, acho que eu me adaptaria bem a essa condição holandesa de pedalar. Toda sexta-feira vou trabalhar de bike, são +/- 24 km de percurso com subidas, descidas e incontáveis cruzamentos, isso em uma cidade onde não tem estrutura voltada para o ciclista e os motoristas fingem que vc nem existe… Curitiba mas não desisto e vc não desista tb, fiets é tudo de bom.
Oi Anderson, obrigada pela sua visita e comentário. Olha, não desisto mesmo. Na verdade, adoro! E digo a você o mesmo. Apesar das dificuldades no Brasil, não desista e continue incentivando o uso da fiets!
Alena, confesso que adoro esse estilo de vida! Pedalar de manhã pro trabaho, fazer comrpas. Tudo pertinho e sempre seguro. Que bom seria se no Brasil fosse possível.
Mana, estou tenatando. Um dia aprendo a cruzadinha …
Pô, meninas… vcs tão muito ruins, caramba ! Vamos treinar um pouquinho que pedalar sem as mãos e a famosa cruzadinha são moleza ! Tentem direito que vcs vão conseguir antes que possam falar Pindamonhangaba !
Boa sorte, meus amores.
eeeee….vamulá !
Então em matéria de bike devo ser meio Goiano meio Holandês, afff…
HEHEHE adorei o blog
ja adei muit de bike aqui na holanda agora tenho carro nao sofro mais ahauhauahua
mais ja sofri muito
🙁
abracos
Que bom que você gostou, migobrown! Agora, sabe que curto a bike. Sou uma frustrada feliz! 🙂
Obrigada pela visita e pelo comentário.
porra eu faço tudo isso, e na curva ainda
Oi Jonatas, você ia se dar bem aqui, então! Obrigada pela visita.
meu deus, “A cruzadinha elegante” é o mais fácil de fazer.prefiro do jeito clássico mas nem é dificil nao XD
Oi Fagner, pois ainda não aprendi a tal da cruzadinha! Mas não desisto, não…
Obrigada pela visita.
Holanda… Passei um ano em Wageningen estudando. Foi uma das melhores épocas de minha vida. Os passeios de bicicleta pelas cidades, pelas pequenas fazendas, pelos campos de tulipas deixaram saudades. É uma pena aqui no Brasil não ter uma estrutura de segurança para os ciclistas. Já estava até apredendo alguns dos truques que só os holandeses fazem com toda maestria. Espero um dia voltar para dar uma voltinha de bicicleta…
Também adoro Kleibe. Apesar de não ser tão habilidosa com a bike, adoro pedalar. Vou diariamente para o trabalho, faço compras e tudo mais. Quem sabe em algum tempo não fico mais espertinha?!
Volte sempre! Valeu pela visita e comentário.
vixe… isso é fácil…
só é necessário prática
Oi Chico.. é aquela hostória, né? Fácil quando sabe 😉
noossssaaa ameeeeeeeeei seu blog!!
amei a matéria (confesso que sou como você: não sei praticamente nada, PRINCIPALMENTE aquela cruzadinha! eu enrrosco a perna e aí vamos eu e a bike pro chão! hahaha), as fotos, aquele ‘dicionário’ com uma palavra em holandês…. enfim… adoro tudo que seja estrangeiro, principalmente que venha da Europa!
parabéns pelo blog!
e muito sucesso aí, na Holanda ^^
beijããooo
Oi Biah, obrigada pela sau visita e comentário. Fico feliz que tenha gostado do blog.
E eu, que tenho como grande frustração da minha vida nunca ter aprendido a andar de bicicleta? u.u morri de inveja
OI Daniela, olha aprender até que aprendi, mas como os holandeses, só na outra encarnação.
Obrigada pela visita.
Sensacional! AHHAHAHAH ri horrores! Cabeça de queijo Kaaskop. Vc é jornalista?
OI Cecília, não, não sou jornalista. Que bom que você se divertiu com o post!
estou querendo ir pra amsterdan, nao conheço ninguem la, e estou indo sozim dinheiro de ir e volar e uma sobra pra passar la. sera q é loucura rs quem se abilita a ir? rsrs bora!!!
Boa sorte, Wesley! Acho que você vai se divertir muito por lá. Tenta se programar um pouquinho e tudo vai dar certo! 🙂
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[…] O mais prático pra se pedalar na chuva é, como você vê também na foto, uma capa de chuva, e a escultura pode ser vista como uma encarnação de holandesice, bicicletas e chuva. Porém o escultor (ou escultora) não estava inventando. Eles usam mesmo guarda-chuva enquanto pedalam. Oh isso é apenas mais uma das coisas que eles conseguem fazer na bike. […]
[…] você quer começar a ler o Bailandesa, eu recomendo ler primeiro esse artigo: Frustrações em duas rodas. Vá lá e você ficará abismado com o que os holandeses conseguem fazer com uma bike. Ah, e me […]
Deve ser porisso que a senhora na casa de quem vou me hospedar, disse que não poderia me pegar no aeroiporto, mas me ofereceu uma bicicleta!! Com malas, será que é também costume??? Saindo do aeroporto de bicicleta???!!!
Belíssima e muito bem humorada reportagem sobre as maluquices dos Dutch, em cima de duas rodas, as amadas magrelas.
-(existe alguma forma carinhosa ou apelido holandes para as bicicletas como “Magrelas” aqui?)-
Gostei do seu bom humor na narração e das fotos, foi muito gostoso de ler.
Apesar pedalar menos do que gostaria ao longo da vida e acho que pedalei muito pouco, voltei a pedalar diarimante aos 60 anos. Coisa bem brazuca, aliás. Nem mesmo os recifences, o povo brasileiro mais próximos dos Holandes, não são muito “bicicleteiros”, não acham?
Das proezas acima, só nunca tentei pedalar de costas, sentado no guidão ou sem ambas as mãos por muito tempo. Mas acredito que Ler jornal ou levar sombrinha e celular em ambas, é coisa peculiar só para holandeses ou talvez, quando muito, para os dinamarqueses. hehehehe.
Parabéns Bailandesa.
Oi Oscar,
Que bom que você chegou até aqui. Adorei seu comentário. É tão bom quando alguém toma tempo pra interagir com o blog. Olha, se existe algum apelido pras magrelas em holandês, eu não sei. Fiets é o mais usado mesmo. Acho que, por ser curto e fácil ( pronuncia-se “Fits”), o nome pegou e não gerou apelidos. A minha chamo de “Possante”. 🙂
Vejo um movimento no Brasil em favor das bicicletas. Mais e mais projetos de ciclovias e elas estão se tornando cada vez mais populares.
Adoro pedalar e uso muito a minha Possante, mas em termos de proezas, não avancei muito. Continuo no nivel básico 🙂
Adorei a sua passada por aqui. Espero que volte mais vezes.
Obrigada
Bailandesa, adorei a forma carinhosa que tomastes como teu apelido “Bailandesa = Bahiana + Holandesa”.
Agora, quanto as inegáveis habilidades dos Holandeses e Dinarmaqueses sobre duas rodas são de fato surpreendentes, dada a naturalidade como são praticadas.
Mas entre tantas tem uma que pasmo sempre ao ver: Aquela que são praticadas apenas pelas garotas, tanto da Holanda quanto da Dinamarca, ao pegar carona, o fazendo com a bicicleta em pleno movinento, sentando de lado (com as pernas jutas) pulando de forma bem graciosa, elegante e suave no bagageiro traseiro. Seja sob chuva ou neve… Incrivel..Sem que o ciclista(homem ou garota) sequer demonstre perda de controle ou qualquer desequibrio e nem mesmo um leve movimento no guidão da bike, agindo ambos, com tal sincronismo e precisão, que causa espanto para quem os vê.
Haja tamanha naturalidade invejaveis destas duplas em qualquer idade ou lugar.
– Existe um vídeo mostrando isto, mas não lembro se assisti no CycleChic, Copenhagenize.com, Copenhagen, ou Bike me, todos no facebook.com 🙁
Abraço.:)
Bailandesa, ao começar a ler o post não reconheci o “modelo” porque jurava eram fotos de uma campanha publicitária..rsrs! Este ciclista tira onda, viu?!
hahahaah Thais. Você viu que modelo perfeito, eu encontrei?
Beijos
Risos eternos! nem tudo é tão simples como parece, entendo bem o que você passa. Mas quem sabe um dia você consiga dominar, ao menos, metade das habilidades? Brasileiro nunca perde a esperança, há sempre um jeitinho hehehe
Abraços
Hahah, Grasiele! Quem sabe? Olha, jea estou satisfeita de ter podido voltar a pedalar depois de tantos anos 🙂
Que bom que você gostou do texto!
Volte mais vezes
[…] Logo me ultrapassou, ansiosa para furar o farol, uma mulher na bicicleta, falando ao celular. Das milhares de coisas diferentes que os holandeses fazem enquanto pedalam, falar ao celular é certamente uma das mais populares – talvez porque falar ao celular seja uma […]