A imagem que tinha da mulher holandesa quando cheguei no país era de uma mulher forte, independente, direta e meio reclamona. Na época, pensava que elas já tinham alcançado tudo. Igualdade de direitos, de salários e, ainda tinham maridos que dividiam as tarefas domésticas. Com o passar dos anos, me dei conta de que a mulher na Holanda, apesar de todas as conquistas, ainda tem muito chão pela frente no terreno da igualdade e de emancipação.
Mas quão independente é a mulher na Holanda?
Desde 2015, o Instituto Central de Estatísticas da Holanda (CBS) publica a cada dois anos o Emancipatiemonitor (monitor de emancipacão). O último monitor (2020) revelou que 70% das mulheres que trabalham são independentes financeiramente. Já os homens, alcançam a casa dos 90%. Bom, isso já é um progresso. Umam vez que, num intervalo de 10 anos, houve um crescimento de 10% no total de mulheres que conseguem se manter sozinhas.
Acontece que a diferença entre os salários entre homens e mulheres ainda é grande. O valor-hora aumentou, uma vez que temos mais mulheres com melhor formação profissional no mercado. Acontece que como elas, em geral, trabalham menos horas, também ganham menos.
Será que as mulheres na Holanda querem trabalhar mais?
Segundo o monitor, 10% das mulheres que trabalham querem trabalhar mais horas, enquanto que apenas 5.7% dos homens desejam o mesmo. Agora, se focarmos nas mulheres que trabalham em período integral, 9% das mulheres querem trabalhar menos. Em contra-partida, 8% dos homens que trabalham em tempo integral querem trabalhar mais horas.
Qual é a participação da mulher holandesa no mercado de trabalho?
Uma coisa que gera muita discussão é a participação da mulher no mercado de trabalho. No ranking de países europeus, a Holanda está no 7o lugar em termos de mulheres economicamente ativas. Isso se deve também à cultura do trabalho em período parcial. Em média 3/4 das mulheres holandesas ativas trabalham part-time. Enquanto que apenas ¼ dos homens não trabalham em período integral.
Por que tantas mulheres na Holanda trabalham part-time?
A Holanda é campeã do trabalho part-time. Ainda de acordo com o monitor, elas afrimam que as 3 principais razões são: cuidar da casa, dos filhos e 28% das mulheres afirmam querer mais tempo livre para elas. Ou seja, apesar de não trabalhar com remuneração em período integral, elas carregam nos ombros a maior parte do trabalho em casa (não remunerado). Não ee nenhuma surpresa. elam anseiaem por mais tempo para si mesmas.
O trabalho part-time é era como diria uma “faca de dois legumes”, enquanto possibilita os pais a passarem mais tempo com os filhos, também impacta o desenvolvimento da mulher no âmbito profissional. Já que na hora de investir na carreira, vemos que, na maioria das vezes, a carreira do homem ainda tem prioridade.
Mas quem cuida dos filhos na Holanda?
Homens e mulheres querem dividir as tarefas igualmente. Isso é o que mostra o monitor. Principalmente em casais mais jovens. No entanto, na prática, a divisão de tarefas termina sendo bem “tradicional”. A verdade é que apenas 1 em cada 6 pais com filhos pequenos afirma que divide igualmente as tarefas. Na vida real, a mãe se encarrega a maior parte dos cuidados.
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Preço de creche e o trabalho part-time
Aqui não existe a figura da babá, as creches são caras e o sistema de subsídio de creche é bem complicado.
Como funciona o auxílio-creche
Para ter direito ao auxílio creche, os pais têm que estar trabalhando, estudando ou exercendo alguma atividade para aumente as chances de encontrar trabalho. Também quem está frequentando o inburgering tem direito ao auxílio-creche. O valor do auxílio é determinado por hora. Assim, depende da quantidade de horas trabalhadas e do tipo de creche ou apoio. Em caso de perda de emprego, o subsídio é garantido por mais 3 meses.
Ou seja, é um sistema complexo e geralmente não compensa para os pais. Adicione a essa fórmula, uma pitada de fator cultural. O resultado é que no final, mais mulheres cuidam dos filhos do que os homens e, mesmo que queiram trabalhar mais, não conseguem. Por que muitas vezes, ela trabalhará para pagar a creche.
Diferenças entre licença maternidade e paternidade
Entre licença de parto e maternidade, uma mulher na Holanda tem direito a 16 semanas em casa. A licença paternidade foi atualizada no ano passado e um pai/parceiro(a) pode estender a licença de 1 semana em até 5 semanas extra. Durante esse período adicional, a pessoa recebe 70% do seu salário.
Parece muito bom, mas se compararmos com outros países com a Alemanha e países escandinavos, vemos que a Holanda ainda oferece condições menos favoráveis.
A mudança cultural
Vejo com otimismo as mudanças e os avanços da emancipação da mulher na Holanda. No entanto, não vejo com tanto ânimo a velocidade em que as mudanças acontecem. Se queremos que a mulher tenha as mesmas condições de trabalho e salário, o homem precisa ter mesmo peso na criação dos filhos. Para isso, ele precisará ter mais direitos, leia-se tempo, para ficar com a família. No sistema hoje em vigor, o homem não tem a opção de assumir mais responsabilidades e a mulher tem menos meios de escolha.
Em resumo, não adianta estimular ou colocar pressão para a mulher trabalhar mais, ou assumir mais desafios na carreira profissional, enquanto o homem não tiver um peso maior ou igual na vida em casa.
Então, vemos que, guardadas as devidas proporção, no fundo, no fundo, a mulher holandesa não é tão diferente da mulher em geral.
E você? Qual a sua experiência como mulher aqui na Holanda.