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Entenda a queda do gabinete holandês

O gabinete holandês caiu. Isso significa que os partidos que formam essa coalizão não conseguiram entrar em acordo. Dessa vez, o estopim da crise foi a política de imigração proposta pelo partido do VVD, que é o partido do atual primeiro ministro. 

O estopim da queda do gabinete

No plano apresentado pelo VVD, os refugiados seriam dividos em dois grupos: Status A, os refugiados políticos perseguidos, que têm pouca chance de retornar em segurança ao seu país de origem. E Status B, os refugiados de guerra que podem eventualmente retornar, assim que for seguro.

 

O gabinete na Holanda cai e traz insegurança no cenário político

Além de dividir os refugiados em dois grupos, o plano restringiria drasticamente o direito à reunião da família para os refugiados de guerra (Status B). E como pode-se ler isso? Que, para os refugiados de guerra, seria praticamente impossível tirar os seus familiares das zonas de conflito. A família teria que esperar 2 anos e haveria supostamente um limite de 200 pessoas por mês.

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Vale lembrar que os refugiados de guerra da Ucrânia se enquadram em outra categoria. Já que eles são protegidos pela Diretriz Europeia de Proteção temporária

Diante dessa proposta, os partidos D66 e União Cristã (Christen Unie) se opuseram em bloco. Dessa forna, o impasse não foi resolvido. E aí, depois de dias de negociação, o gabinete caiu. 

Gabinete marcado para cair

O atual gabinete, também chamado de Rutte IV, já começou instável, com o menor índice de confiança da história da Holanda. Foi o gabinete que durou mais tempo para se formar; 9 meses. Isso já era um sinal da volatilidade desse grupo que governou o país por cerca de um ano e meio.

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Desde que se formou, foi um tropeço atrás do outro. Foram vários fracassos, como o acordo com o setor agrícola, a lei que obrigaria as prefeituras a darem abrigo a refugiados, que não foi adiante. Enquanto isso, os refugiados  lotavam e lotam os diversos campos de acolhimentos e , mesmo os que já têm um vist, não conseguem uma moradia digna. E como pano de fundo, tínhamos a guerra da Ucrânia, a crise energética ,inflação, crise de moradia e constante fluxo de refugiados. 

A crescente desconfiança no governo chegou ao pico com a crise do nitrogênio. E o resultado foi o BBB, o partido dos fazendeiros, conseguir à maioria no Senado. 

A verdadeira razão

Há tempos que o partido de Mark Rutte, o primeiro ministro, o pressiona pela adoção de uma política mais fime em relação à imigração. E isso não é novidade. Rutte em 2007 já se posicionava como um defensor de uma firme política de imigração. Aí, é só juntar as peças: um gabinete manco, um primeiro ministro entre a cruz e a espada e ainda uma pesquisa indicando que o VVD, seu partido, está numa posição favorável, no caso de uma nova eleição parlamentar.

O primeiro ministro, depois de dias de tensão, se retira da política foto: Wikipedia

Num cenário desses, não seria nada incoveniente implodir o gabinete e provocar novas eleições. Assim, quem sabe, ter mais um chance de governar. Assim, o primeiro ministro resolveu partir para o ataque e fazer uma proposta inaceitável para os partidos da coalizão.  E aí, o que fica claro é que ele colocou o interesse do partido político acima do interesse do país que ele lidera.  

O tiro pela culatra

Durante vários dias, se especulou sobre o que motivou o primeiro ministro. a fazer um movimento tão extremo. Ele também foi alvo de críticas por todos os lados. Os partidos de oposicão pediram a sua saída imediata  e a situação se tornou insustentável. Assim, Mark Rutte anunciou a sua saída como líder do partido e também a sua despedida da política holandesa após 13 anos na liderança do país. A camada de Teflon se desgastou.

E agora? O que vai acontecer?

Agora, o atual gabinete se torna demissionário e é esperar pelas novas eleições parlamentares. Lembrando que a Holanda segue um regime de monarquia parlamentarista. Isso siginifca que não votamos no primeiro ministro, mas sim, nos parlamentares.

Mas uma coisa é certa, nada está certo. A saída de Rutte chacoalha o cenário político e abre o caminho para uma nova era na Holanda. Já era tempo.

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