No rápido papo que tive com a Daphne Deckers no Lançamento da Revista Vrouw, ela falava de como a holandesa lida mal com a nem tão santa trindade “casa, filhos e trabalho” . Segundo ela, as mulheres holandesas sentem-se extremamente culpadas e divididas entre as carreiras profissional e materna. Elas são emancipadas e exigentes, mas sofrem do mesmo modo que as muitas mães que conheci. Sempre me admirei ao ver muitas mulheres com dois filhos na bicicleta, algumas com mais um pequeno pedalando ao lado, num país onde é mais fácil achar galinha com dente do que babá, empregada e profissões semelhantes. Não podemos descartar um forte componente cultural. Pelo que vejo, por aqui a criação dos filhos é de total responsabilidade dos pais e isso inclui trocar fraldas, dar banho, tomar conta, acalmar os faniquitos dos “anjinhos e por aí vai. Aqui não existe a famosa moça de vestidinho branco a quem você entrega a criança quando está sujinha, quando você tá cansada ou precisa de um tempo pra você. Você pode contar por algumas horas com uma baby sitter e é só. Uma diferença é que aqui existem mais trabalhos de meio-período e as empresas têm políticas mais flexíveis para os contratos de trabalho. Os pais, muitas vezes, trabalham menos um dia por semana para cuidar das crianças e por aí vai. Estive pensando nisso, quando li uma nota sobre um pesquisa feita pela FNV Federatie Nederlandse Vakbeweging ( federação dos sindicatos). Vejam só:
- 6 entre 10 mulheres trabalham uma média de 29 horas por semana;
- Dentre as que não trabalham, 56% gostariam de por as mãos à obra;
- 1/4 das mulheres que trabalham querem trabalhar mais horas;
- Apenas 14% não querem uma semana de trabalho mais longa.
Isso quer dizer que a capacidade produtiva de 1 milhão e meio de mulheres continua mal-aproveitada ou que a mulherada anda estafada com os afazeres domésticos e tá preferindo ficar no trabalho do que em casa. Não pára por aí não. Elas estão estudando mais também. Uma pesquisa feita pela Intermediair, revista sobre carreiras e vida profissional, indica que a maioria esmagadora das pessoas que fazem PHD são mulheres. Apenas 8% do total de estudantes dizem que fariam uma coisa completamente diferente e 45% estão satisfeitos com os seus salários, apesar de não demontrarem muito entusiasmo com o seu trabalho. Detalhes curiosos: 40 % dos estudantes de PHD são estrangeiros e a taxa de 13,7% de desemprego é 7 vezes maior do que os graduados apenas na Universidade.
É isso aí. Força na peruca mulherada!
Imagem: http://www.kissmyfloppy.com
1 comment
Pois é, Bailandesa! Mas as mulheres holandesas também preferem ficar em casa mesmo, caso o parceiro ganhe mais. O problema é quando vem a separação… e as mulheres separadas e com filhos compõem a maioria pobre na Holanda…
E a possibilidade de parttime é uma das grandes culpadas de a Holanda dividir o último lugar em uma pesquisa sobre empoderamento feminino, empatando com o Paquistão…
beijo,