Abro o portão do Begijnhof, o Jardim das Beguinas em Amsterdam e o silêncio toma conta de tudo. A visão que tenho é de um oásis de tranquilidade. Harmoniosas casas ao melhor estilo holandês, um verde e bem cuidado gramado, uma antiga Igreja e sim, o silêncio. Tudo nos envolve numa atmosfera quase sacra.
Begijnhof. Um jardim de tranquilidade
A descrição acima não bate com a imagem de agitada e liberal Amsterdam. Mas é verdade. Encrustado no centro da capital holandesa, cercado por casas comerciais, coffeeshops e muita gente, está o Begijnhof. Um “hof” é uma espécie de jardim, um espaço de área verde privada geralmente compartilhada por casas vizinhas. É muito comum em cidades holandesas.
Numa tradução livre, o nome Begijnhof seria algo próximo de Jardim das Beguinas. Uma ordem de mulheres viúvas e solteiras que, apesar de não fazerem votos, levavam um vida casta e se dedicavam a ajudar os mais necessitados.
A última casa de madeira de Amsterdam
Incrível como num cantinho da cidade pode caber tanta paz e tanta história. Tudo indica que o lugar tem origem no século XIV, mas não se tem certeza. Existe um documento de 1389 que cita uma casa ou uma “beghynhuys”. No Begijnhof está a casa mais antiga de Amsterdam, a Houten Huis – número 34 – ou casa de madeira. Esta é uma das duas únicas casa com fachada de madeira que restaram na cidade após o incêndio no Século XV. A outra fica em Zeedijk.
A Igreja
A Engelse kerk (Igreja Inglesa) é uma atração que se mistura com a própria história do lugar. Quase totalmente destruída após um incêndio na capital holandesa, foi reerguida. Já foi católica e, durante a Reforma, tornou-se Protestante. Um outro destaque éa Capela Escondida (casas 29 e 30). Local onde durante a perseguição à Igreja Católica, as Beguinas professavam a sua religião. Elas conseguiram uma autorização especial, contanto que o lugar externamente nao parecesse uma Igreja. Também lá você pode ver os painéis de M. C. Schenk e acompanhar a história do Milagre de Amsterdam, quando uma hóstia em chamas foi recolhida por uma beguina sem causar dano algum à beata. Este é um lugar disputado para casamentos e batizados.
Cornelia Arents
Segundo a tradição, as beguinas eram sepultadas na Igreja. Apenas Cornelia Arents, que na época da Reforma, quando a Igreja das beguinas passou para as mãos dos prostestantes, como último desejo, pediu que não fosse enterrada lá. No entanto, contrariando a sua vontade, ao morrer em 1654, primeiramente ela foi enterrada em solo protestante e só depois a sua sepultura foi transferida para a parte de fora da Igreja, junto à parede. A última beguina morreu em 1971, aos 84 anos de idade, mas as habitantes do Begijnhof continuam sendo mulheres que ainda reservam grande parte do conservadorismo e vida casta de outros tempos. Portanto, o respeito ao silêncio e à privacidade dos moradores é importante e grupos muito grandes não são bem-vindos.
Quer dar uma pausa na agitação no centro de Amsterdam? Vá até a Spui, esquina com a Kalverstraat e faça uma viagem ao tempo.
O Begijnhof está aberto de 9h às 15h diariamente.
A entrada é gratuita.
3 comments
Muito bom e completo seu texto, parabéns! Ia perguntar se ficava aberto e se poderia visitar, mas nem precisou…:D
Gostei muito em saber sobre as beguinas. Nunca tinha ouvido falar!
bjs
Obrigada Renata! Olha em época de alta estação, a tranquilidade do local não é tanta assim. Mas, o contraste ainda é grande.
Adorei a dica. Estive lá hoje. Que lugar fantástico, mana!