Bailandesa

Expatriado. Onde você se sente em casa?

Dizem que o bom filho sempre à casa retorna e aí eu pergunto: qual casa? Há quase um mês voltei à Salvador, lugar onde nasci e me criei, ou seja, minha casa. Não fui ao Rio, mas se tivesse retornado à cidade onde vivi por 12 anos, também me sentiria em casa. E, por incrível que pareça, ao retornar à Holanda e botar a chave na porta, me senti em casa. Complicado, não?! Vocês já devem estar pensando:”Ih, essa ida ao Brasil acabou de fundir a mufa já meio chamuscada da bailandesa.” Digamos que quase isso.

Home sweet home?

Estranho, amigos, muito estranho. Depois de dois anos, voltar à sua terra e ver diversos prédios onde nada existia, encontrar um trânsito recheado de psicopatas ao volante e pensar que algum dia achei isso normal. Estranhar o sotaque que por anos soou como cantiga de ninar e não reconhecer certos caminhos na sua própria cidade.
Ao mesmo tempo, é uma volta ao calor da família, ao insano e quase insustentável calor de mais de 30 graus e às cores, sons e sabores que só a Bahia tem. E se tem uma coisa da qual morria de saudades e me deleitei em Salvador foi a simpatia e a espontaneidade do povo. É aquela conversa que engata com o garçom e com a manicure, que só no Brasil tem.

O lado ruim

Agora, existem coisas que não mudam nunca. A pressão em relação ao corpo e à beleza continuam à toda. Aconteceu duas vezes. Conversando com diferentes pessoas que estão acima do seu peso ideal – diga-se de passagem, elas e a torcida de todos os times brasileiros, incluindo a bailandesa que vos digita-, notei que da maneira como elas falavam era quase como se estivessem pedinddo desculpa por isso. Era um tal de : “Eu tô gorda, né?”, ” Você já viu como eu engordei?”. Parece que estar gordinha é quase ofensa. Não vejo isso por aqui.
Voltei e estou botando os pés no que agora chamo de casa. Enfim, me encontrando e tentando descobrir o meu lugar no mundo.

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