1. Tolerância
Muito gente acha que a lei deve existir, mas que deve haver uma tolerância. Ok, também concordo e isso sempre existiu, certo? Sempre foi ilegal dirigir com mais de 0,6 gramas por litro de sangue e quase todo mundo – pelo menos, muita gente que conheço – sempre bebeu acima da tolerância permitida e sempre dirigiu. Ou seja, por que a lei não funcionava antes? Também sou a favor da tolerância mínima , mas nunca funcionou. Agora, parece que vemos uma mudança de comportamento.
2. Lazer vai além bebida
A bebida está associada ao prazer. Não tem jeito. E no Brasil, parece-me que essa associação é quase inseparável. E aí aparece o fator cultural pra reforçar o desconforto causado pela lei. Na verdade, você ainda pode beber. Só não pode dirigir após beber. Existem soluções: táxi (que dividido não sai tão caro), num grupo de amigos ou num casal, o revezamento de quem vai dirigir a cada vez que sair. Talvez agora a prioridade seja invertida e assim, pessoas saiam pra conversar e não pra beber.
4. A grande falha: a comunicação
Se beber, não dirija. Quantas vezes lemos, ouvimos e vimos essa frase tão óbvia, quanto ineficaz? Quantas campanhas contra bebida e direção foram veiculadas no Brasil, sem resultados? Muitas vezes, campanhas criativas, mas mesmo assim, sem resultado. Mas elas sempre mostraram as consequências e claro, que todos pensam: “Ah, nunca vai acontecer comigo”. Dessa vez, aconteceu o inverso. A população foi pega de surpresa e falta de comunicação chocou e revoltou.
3. Mané X Bob
Aqui na Holanda também existem problemas com álcool e direção. Principalmente entre a população mais jovem. Veja esse video da campanha “Jij bent top Bob”, algo como “Bob, você é o máximo.
Bob virou é sinônimo de quem não vai beber. É quem vai levar os outros pra casa. É o cara legal, bacana que pega todas. Ou seja, o conceito é o inverso das campanhas brasileiras. Nas estradas também são vistos muitos cartazes e sinalizações eletrônicas com frases tipo “Bob eu ou Bob você?” e também spots são veiculados nos rádios. Confira aqui o site (em holandês). No site, totalmente voltado para o público jovem, existem games, agenda de eventos e o prêmios como uma bóia dessas do comercial.
Ouvi dizer que no Brasil, o escolhido para dirigir está sendo chamado de Mané, ou seja, o otário. Essa história de Mané me lembra o hábito de colocar cinto de segurança. Há muito tempo no Brasil, quando não era obrigatório, quem usava o cinto, era o Mané. Acho que tá na hora do Mané virar um Bob.
5. O mais óbvio: o número de acidentes já diminuiu.
Não só o número de acidentes, mas os atendimentos em pronto-socorros. Sinceramente, não acredito que os números sejam tão diferentes do que se tem noticiado, nem que sejam tão manipulados quando suspeitam.
6. Criatividade: o jeitinho brasileiro voltado pro bem.
Tenho lido sobre os diversos serviços que vem surgindo para contornar ( não burlar) a lei . Essa é uma das raras vezes em que o nefasto jeitinho brasileiro est;á sendo usado de maneria inteligente Fabricantes de bebidas pagam corridas de táxi de até 10 km, centrais de táxi com promoções especiais, bares dando desconto para que não bebe álcool, bares com vans para levar o povo em casa e por aí vai.
Enfim, é uma lei exagerada? Sim e precisa de ajustes, mas também é preciso tempo para a população se educar. Uma coisa é certa: só o fato de estimular a discussão e proporcionar uma mudança de comportamento, já é um ponto positivo. O que não dá, é ficar do que jeito que era, com uma lei com tolerância mínima que era ignorada. Agora é esperar. O tempo dirá quem vai ficar: o Mané ou o Bob.
Veja aqui mais um video da campanha Jij bent top Bob
2 comments
Oi Bailandesa,
Também escrevi sobre o ‘Bob’ por aqui: http://submarina.wordpress.com/2008/02/03/quem-sera-bob-esta-noite/
beijo,
Para todos: se quiserem saber mais sobre o Bob, vale muito a pena ler o post da Batateira.