Bailandesa

The book is on the table

Quando saí do Brasil tinha a impressão de que todo mundo aqui falava inglês fluentemente. Ainda mais com essa língua de dar nó até nas amígdalas, não é mesmo? Realmente todo mundo aprende inglês na escola, muitos são fluentes e outros arranham muito bem. Mas o que venho observando mais e mais, é que muitas pessoas não se sentem tão confortáveis em falar inglês. Talvez seja porque moro numa vila e Utrecht, cidade próxima, não é tão internacional como Rotterdam ou Amsterdam. A verdade é que tenho notado uma certa resistência, paúra, medo mesmo das pessoas em falar inglês.

Pessoas ligam aqui pra casa – nem tô falando de telemarketing, que não conta, né? – e quando peço para falarem inglês, desistem na hora e dizem que vão ligar mais tarde. Parece que pedi pra dar uma injeção no olho. Quando fui na huisarts (médica de família), ela chegou a corar de vergonha ao notar que o inglês dela tava mais enferrujado que porca do Titanic. As meninas da recepção, nem se fala! Tive lá dias depois para pegar um documento e quando pedi pra falar inglês, a mulher quase pediu misericórdia. Sei que no final, eu estava falando holandês e ela me respondia num inglês pra lá de macarrônico.

O negócio é que se virar em inglês pra atender um turista é fácil, mas quando a conversa se aprofunda um pouco mais, sinto que falta às pessoas vocabulário e prática mesmo. E olha que noto isso também com pessoas educadas e do nosso círculo de amizade. Às vezes, me vejo naquela situação horrosa, de extrema falta de educação, em que tenho que completar a frase dos outros. Mas também nem ligo. Quando falo holandês, eles também perdem a paciência (com toda a razão, por sinal) e completam as minhas falas. Então já viu,né? Não tem escapatória. Vou ter que me virar e aprender esse troço de língua. Haja pastilha valda, Benalet e gengibre!

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