Bailandesa

Viva Brasil repete sucesso na sua 10a edição

Na sua 10a edição, o Viva Brasil Festival manteve a tradição de trazer grandes nomes da música brasileira para a Holanda. Depois de uma abertura com a estreia da turnê “Dois Amigos, Um Século de Música” de Gilberto Gil e Caetano Veloso, o festival promoveu um final de semana com grandes shows e trouxe o clima de festa brasileira ao Muziekgebouw aan’t Ij em Amsterdam.

Gil e Caetano - Viva Brasil - Bailandesa.nl

Gil e Caetano emocionam na abertura do Viva Brasil – (c) Ron Beenen

Diversidade musical

A primeira noite do final de semana do Viva Brasil Festival foi uma viagem por diferentes estilos, ritmos e regiões da música brasileira.

Uma fã de Alceu Valença vai ao delírio ©Eric van Nieuwland

Carla Visi traz o axé e energia da Bahia

Os tambores afro e a vibração do axé da Bahia abriram a noite. Carla Visi relembrou sucessos da sua carreira, quando vocalista da banda Cheiro de Amor, e ainda deu uma pequena amostra do seu novo álbum Pura Claridade; um tributo à Clara Nunes.

Carla Visi empolgou o público com seus sucessos.

A cantora, sempre fiel à cultura baiana, trouxe um tabuleiro variado: o suingue do axé music, a tradição do samba e, claro, a raiz do samba reggae. A mensageira do axé e da alegria, como se define, cumpriu sua missão e encheu a sala do Muziekgebouw aan’t Ij de energia para os próximos shows.

Carla Visi trouxe o axé e alegria da Bahia para o Viva Brasil ©Eric van Nieuwland

As guitarras de Maria Gadú

A noite continuava e era hora de voar nas asas do “Guelã”, novo álbum de Maria Gadú. Quem esperava a doce e talentosa menina com o seu violão, encontrou uma artista que atinge a maturidade e ousa testar novas sonoridades e texturas.

Maria Gadú traz o seu novo trabalho Guelã para Amsterdam – Viva Brasil -© Eric van Niuewland

Ela fugiu do óbvio e, de guitarra em punho, apresentou as canções do trabalho mais recente. Acompanhada de Federico Puppi (cello), Lancaster Pinto (baixo, guitarra) e Bia (bateria), Gadú vestiu roupa nova em sucessos como “Shimbalaê” e “Dona Cila”.

Maria Gadú e a sua intensa versão de “Ne Me Quitte Pas” – © Eric van Nieuwland

Os novos arranjos seguiram a linha intensa e dramática desse novo momento da cantora. Destaque para a verão percussiva “Ne Me Quitte Pas” que extasiou o público. A plateia estava pronta para um passeio pelo universo popular de Alceu Valença.

O menestrel Alceu arrebata a plateia

Alceu Valença veio para Amsterdam exclusivamente para se apresentar no Viva Brasil Festival. O mago dos ritmos, junto com a sua banda, proporcionou um banquete cultural brasileiro. Alceu tem um talento único de fundir ritmos regionais nordestinos e dar retoques precisos de pop rock.

Alceu Valença arrebatou o público do Viva Brasil ©Eric van Nieuwland

Não faltaram suas canções mais populares como “Anunciação, “Coração Bobo” e “La Belle de Jour”. Para surpresa de muitos, Alceu revelou que a música “Solidão” foi feita na Holanda e “Juazeiro” de Luiz Gonzaga ganhou uma contundente interpretação. O frevo e o forró, sempre presentes na trajetória do artista, contagiaram o público, que ainda ganhou de presente o hit “Morena Tropicana” de bis.

Alceu Valença contagiou o público com os seus sucessos – © Ron Beenen

Para finalizar a noite, o DJ MAM embarcou todos na sua caravela Sotaque Carregado e deixou o gostinho de quero mais para a after party do dia seguinte.

DJ MAM encerrou a noite de sábado e comandou a after party no Domingo © Eric van Nieuwland

Praça Viva Brasil. Um domingo com clima de festa brasileira

A tarde de domingo começou com a Praça Viva Brasil, que transformou o foyer do Muziekgebouw aan’t Ij e o terraço do restaurante Zouthaven numa festa brasileira.

Danças típicas como o samba reggae animaram a Praça Viva Brasil © Eric van Nieuwland

Stands de produtos brasileiros, diversas apresentações de danças típicas e muito choro e samba animaram a tarde. Tudo isso alinhavado pelo balanço do DJ Vanderlei.

A dança afro marcando presença na Praça Viva Brasil – © Eric van Nieuwland

O grupo de samba e choro Cariopa trouxe um convidado muito especial: o multi-instrumentista de sopros Marcelo Bernardes, que já tocou com grandes artistas da música brasileira.

O grupo de samba e choro Cariopa animando a Praça Viva Brasil © Eric van Nieuwland

Femke Smit, que também foi a anfitriã da festa, se apresentou acompanhada do violão e da voz de Breno Virícimo. E o palco da Praça Viva Brasil ainda contou como debut de Ana Sucha na Holanda.

A cantora Femke Smit foi a anfitriã do Viva Brasil e se apresentou no domingo. © Ron Beenen

Noite de magia e encontros inesperados

A noite de encerramento foi no Bimhuis e reservou momentos de pura magia musical e encontros surpresa.

Vanessa Moreno & Fi Maróstica. Uma dupla múltipla

A dupla Vanessa Moreno e Fi Maróstica abriu a última noite do festival. Um show que representou a essência do Viva Brasil: uma amálgama de jazz, samba e música popular brasileira.

Vanessa Moreno & Fi Maróstica surpreenderam e entusiasmaram o público

A pura voz de Vanessa se entrelaçava com o virtuoso baixo (acústico e elétrico) de Fi de forma quase siamesa. À medida que o show avançava, a dupla se multiplicava exponencialmente e enchia a sala com uma sonoridade inusitada.

Vanessa Moreno encantou a todos com singular voz e criativa percussão. © Ron Beenen

A plateia correspondeu surpresa e entusiasmada ao repertório que teve como base o álbum “Vem Ver”. O trabalho traz composições próprias, além de releituras como “Conversa de Botequim” de Noel Rosa e Vadico. O setlist ainda contava com versões de “Asa” de Djavan e uma prévia do novo disco só com músicas de Gilberto Gil. “Onde o xaxado tá” e “Palco” arracaram aplausos de uma plateia boquiaberta. Mas a noite estava só começando.

A alma afrobrasileira de Fabiana Cozza

O Viva Brasil guardou para o seu encerramento uma das maiores intérpretes da música popular brasileira da atualidade. Fabiana Cozza foi eleita a melhor cantora de samba do Prêmio da Música Brasileira em 2012 e lançou recentemente o álbum “Partir.

Fabiana Cozza mostrou a alma da cultura afrobrasileira. ©Ron Beenen

O show de Fabiana foi um caminho onde ela pisou (e dançou) com graça. A sua generosa e precisa voz, além da sua intepretação altiva transmitiam a todo momento a firmeza e confiança de uma terna diva. Acompanhada de Fi Maróstica, que voltou ao palco e se juntou ao baiano Jurandir Santana (guitarra) e Inor Sotolongo (percussão), a cantora proporcionou uma viagem da Bahia à África.

Fabianna Cozza interpretou e dançou com graça e altivez – © Ron Beenen

Ela homenageou o samba de roda de Roberto Mendes e a cultura afrobaiana, não esquecendo o congado de Minas, presente na canção “Velhos de coroa” de Sérgio Pererê.  Ainda se banhou nas águas de Cabo Verde e pisou em terreno Angolano com “Chicala” de João Cavalcanti. “O Samba é Meu Dom” provou o seu premiado talento para o gênero.

Ceumar, Vanessa Moreno e Fabiana Cozza. Um encontro de cantoras brasileiras encerra o Viva Brasil ©Eric van Nieuwland

Para finalizar, um encontro brasileiro de vozes femininas: Vanessa Moreno volta ao palco e Ceumar, que estava na plateia, se junta às duas para promover um grande encerramento de mais uma bem-sucedida edição do Viva Brasil Festival.Com certeza todos deixaram o evento já pensando na edição de 2016.
 
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