Engana-se quem pensa que esse é um post sobre futebol. Não me atreveria. Hoje em dia sou torcedora ocasional: apenas de jogos importantes e Copa do Mundo. Palpito, grito e sofro durante os jogos, mas não ousaria palpitar por escrito.
O negócio é que, como tantos outros, deixei-me envolver pela febre sazonal de bola. A diferença é que dessa vez estava jogando na minha segunda casa e não no meu campo oficial ( ou original?)
Devo dizer, a partida de futebol entre Brasil e Holanda me tocou mas do que imaginava ou do que gostaria. Não pelo futebol, mas por me por em xeque. Não gostei da sensação de ficar irritada ao ver os holandeses felizes da vida. Me senti meio dividida e enfurecida comigo mesma, especialmente por ter um holandês em casa.
Terminou o jogo e a porção brasileira decepcionada e irritada queria ir pra casa. Queria enterrar a cabeça no freezer até a manhã seguinte. O lado batavo cutucava:
O negócio é que, como tantos outros, deixei-me envolver pela febre sazonal de bola. A diferença é que dessa vez estava jogando na minha segunda casa e não no meu campo oficial ( ou original?)
Devo dizer, a partida de futebol entre Brasil e Holanda me tocou mas do que imaginava ou do que gostaria. Não pelo futebol, mas por me por em xeque. Não gostei da sensação de ficar irritada ao ver os holandeses felizes da vida. Me senti meio dividida e enfurecida comigo mesma, especialmente por ter um holandês em casa.
Terminou o jogo e a porção brasileira decepcionada e irritada queria ir pra casa. Queria enterrar a cabeça no freezer até a manhã seguinte. O lado batavo cutucava:
– Olha, não é tão mal assim. Agora você pode também torcer pra a Holanda. Essa é a sua segunda nacionalidade, lembra?!
Nessas horas, nem sempre tomamos a decisão acertada. Entre a falta e o gol, cometi penalty. Me ofereci em sacrifício e marchei em direção a Utrecht com a minha camisa canarinho, como o jogador de Gana em direção à bola nos momentos finais da partida contra o Uruguai.
Depois de várias educadas, mas insuportáveis provocações, decidimos jantar num campo neutro, no italiano. Estávamos num grupo de quatro (duas brasileiras e dois cabeças-de-queijo).
Não é que até o garçom italiano resolveu tirar sarro? Ele viu minha cara de jogo perigoso e pediu desculpas.
Me abstive de assitir qualquer TV holandesa e evitei até o jornal para não ver aqueles geralmente criativos anúncios de oportunidade. Queria limpar o peito de tanta implicância por motivo tão fútil.
Mas como Deus é brasileiro e não argentino, a Alemanha trouxe o alívio necessário pra livrar este coraçãozinho expatriado e confuso do ódio mortal aos laranjinhas. E estou (quase!) pronta pra torcer pela Holanda amanhã.
Nessas horas, nem sempre tomamos a decisão acertada. Entre a falta e o gol, cometi penalty. Me ofereci em sacrifício e marchei em direção a Utrecht com a minha camisa canarinho, como o jogador de Gana em direção à bola nos momentos finais da partida contra o Uruguai.
Depois de várias educadas, mas insuportáveis provocações, decidimos jantar num campo neutro, no italiano. Estávamos num grupo de quatro (duas brasileiras e dois cabeças-de-queijo).
Não é que até o garçom italiano resolveu tirar sarro? Ele viu minha cara de jogo perigoso e pediu desculpas.
Me abstive de assitir qualquer TV holandesa e evitei até o jornal para não ver aqueles geralmente criativos anúncios de oportunidade. Queria limpar o peito de tanta implicância por motivo tão fútil.
Mas como Deus é brasileiro e não argentino, a Alemanha trouxe o alívio necessário pra livrar este coraçãozinho expatriado e confuso do ódio mortal aos laranjinhas. E estou (quase!) pronta pra torcer pela Holanda amanhã.
Fotos: Ron Beenen
11 comments
Excelente post.
Ó, eu acho assim: Cidadania não é identidade cultural. E identidade cultural é que nem língua: você pode adquirir mais de uma ao longo da vida, e gostar e sentir todas. Mas há uma que é formatada na infância, chamada de mãe (ou são chamadas, em caso de mais de uma). Essa é parte da estrutura de quem somos, formata nossos pensamentos e nossos sentimentos mais básicos. É por isso que chamo de identidade…
Tão, eu entendo perfeitamente torcer pro Brasil (especialmente no futebol, parte tão básica da cultura de ambos) e ficar p. com os holandeses, mesmo sendo os dois, mesmo adquirindo a cultura (e a nacionalidade) holandesa, e genuinamente amando-a. E um holandês na situação inversa faria a mesma coisa, e seria perfeitamente compreensível também.
sei exatamente como vc se sentiu!!! tbm fiquei surpresa com minha reação, achei que devia ter ficado ao menos feliz por eles, mas estava com o orgulho ferido. A comunidade holandesa aqui é grande e me atormentaram um pouco. E tbm só me recuperei qdo a Argentina perdeu (até Steven torceu pra Alemanha!).
Bailandesa,
Tive uma sensação parecida com a sua, mas estou no Brasil e marido holandês foi quem vibrou dessa vez. Bateu um mau humor terrível – mas depois passou. Agora torça que a Holanda ganhe seu primeiro campeonato mundial.
É amiga… no meu caso, tive que segurar essa minha língua afiada para não dar respostas terríveis às brincadeirinhas futebolísticas! E fiquei surpresa em ver quantos holandeses me perguntavam pra quem eu iria torcer: Brasil ou Holanda. Como assim?!
Beijo
Fernanda: e os meus amigos *brasileiros* (morando no Brasil) me perguntando pra quem eu ia torcer?!
Tipo… como ASSIM??
Apesar de ser fã number 1 da Holanda e de ter namorado 200 anos um holandes, nao consigo ter simpatia pela vitoria deles nao.
Masssss o dia seguinte da derrota foi um pouquinho melhor. Afinal, Perder é humano, perder de 4é hermano. Quem diria que alemão conseguiria me fazer sorrir tanto. Eu tb fiquei possuída com a vitoria holandesa. Me provocaram muito. falaram que a laranja depenou o Kanarie. Enfi,m nao consegui levar muito na esportiva nao.
E agora, tb nao consigo torcer pra eles hoje. Vai America do Sul, vai Uruguai.
[…] Bailandesa escreveu um excelente artigo sobre o confronto Brasil e Holanda do ponto de vista de quem tem mais e… do que […]
Sei como é ou melhor como foi, pq agora é passado pra mim. Ainda bem que o marido holandês não estava aqui comigo no Brasil no dia do jogo. Agora vou torcer por ele mas sei que JAMAIS ele iria torcer para o Brasil se fosse o caso.
Abraços!!
Veja que muita gente que tem uma conexão com a Holanda compartilhou o mesmo sentimento ou viveu a mesma situação. Engraçado como a derrota de los hermanos nos ajudou a superar o trauma. :))
Obrigada pelos comentários e visitas.
Ciça, também compreendo o seu sentimento. Quase todo o Brasil ficou mordido. Adorei a piadinha dos hermanos..
Dani, concordo com você. Não haveria jeito de torcer pra Holanda contra o Brasil.
O engraçado é que na hora do jogo com o Uruguai comecei desconfiada e aos poucos o coração alaranjou de vez!!
Que venha a final