Ir a padaria é uma das atividades mais cotidianas da vida. Fazer o próprio pão, nem tanto.
Vejo uma foto no jornal local. Um jovem de sorriso largo, em frente a um balcão de padaria. Lendo a história, entendo que ele resolveu levar seu hobby a um outro nível, já que o trabalho não o realizava.
A foto, o texto e o pão. Tudo na página do jornal parecia um misto de espelho e bola de cristal. Refletia muito o meu momento e quem sabe um futuro. Não tive dúvidas, fui até o site da micropadaria, fiz uma encomenda de dois pães. Precisava conhecer aquele lugar e o sorridente padeiro.
No dia programado para a entrega, saí pedalando com um vento frio no rosto e um sol fraco num raro céu azul de inverno. Cheguei no antigo prédio da delegacia de polícia que, até ser vendido, funciona como um centro para empreendedores e iniciativas criativas. Passei por hall vazio com cara de repartição pública e desci as escadas, seguindo o aroma de pão fresquinho.
Leia outras colunas da Bailandesa
Encontrei o simpático padeiro atendo uma cliente. Quando chegou a minha vez de ser atendida, a conversa fluiu fácil e assunto, claro, era o pão. Amei ver o seu entusiasmo e energia. Ainda mais a coragem de dar esse passo para o profissionalismo. Venci minha timidez e mostrei as fotos pães que faço. Ele elogiou os pães e deu dicas. Mas mais do que isso, quebrou meus paradigmas e mania de perfeição. Da minha busca insana pelo graal do pão perfeito, que vejo nas mídias sociais.
Como eu, tão crítica, caí como uma folha no outono na conto da perfeição das mídias sociais? Me senti como uma adolescente que inveja corpos impossíveis e cenas de vida irreais. Se os pães dos outros são mais bonitos, os do padeiro continuam recebendo elogios do clientes e, mais importante, o fazem feliz.
Assim nos despedimos. Coloquei os pães que na cestinha da bicicleta e com um peito inflado de inspiração, pedalei com confiança contra o vento. Chegando em casa, cortei os seus pães, provei e amei. Além disso, me deu uma vontade imensa de fazer um pão.
No outro dia, acordei e botei a mão na massa, literalmente. Foquei no prazer do processo e não na expectativa do resultado. Fiz as coisas do jeito que gosto. E sabe? Foi um dos meus melhores pães já fiz nos últimos tempos.
Ah, se quiserem conhecer o padeiro, visitem o si te De Bakkert.