Toda vez que ouço a música Pagu, de Rita Lee, lembro de quando cheguei na Holanda. Como tinha medo de ser rotulada, de ser vista pelas lentes daquele estereótipo da mulher brasileira. Depois de algum tempo, percebi que somos rotulados, mas que também rotulamos. Sofremos preconceito, mas também damos os nossos escorregos preconceituosos. Assim, enquanto nos arrastamos no meio do tiroteio de estereótipos, atrasamos a nossa adaptação quando mudamos para um novo país.
Estereótipos são uma maneira de simplificar a realidade
O mundo é complexo, as relações são complicadas e de alguma forma temos que encontrar uma maneira de simplificar a nossa vida. Mas quando tornamos coisas mais simples, corremos o risco de reduzir tanto que excluímos muitas possibilidades. Engessamos os nossos conceitos e criamos rótulos. “Esse tipo de gente é assim ou assado” ‘ essa nacionalidade funciona assim”. Isso resulta em preconceito e discriminação.
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Como estrangeiros em outro país, frequentemente somos alvos de preconceito. Mas isso não quer dizer que nunca somos preconceituosos. Porque, ao mesmo tempo, usamos os rótulos para tentar entender e absorver essa nova realidade. Assim, rotulamos holandeses de sovinas, franceses de arrogantes, ingleses de extremamente educados e por aí vai. Nos achamos super espertos e enxergamos os estrangeiros ( gringos) como ingênuos e, às vezes, até bobos.
Mas como fugir dessa armadilha?
Preparação antes de mudar
Antes de mudar de país devemos nos preparar e conhecer a cultura local. Isso não vai evitar todos os choques culturais, mas vai prevenir muitas surpresas desagradáveis.
Paciência
Com você mesmo e com os outros. As coisas não vão deslanchar de uma hora pra outra. Você não vai aprender a língua em 3 meses e não vai entender todas as regras da sociedade imediatamente.
Seja paciente com você mesmo, mas respire e tente entender antes de criticar os costumes locais. Paciência, além de generosidade, é sabedoria. Um momento de paciência pode lhe poupar de várias situações desagradáveis.
Seja você mesmo
Respeitar a cultura local não quer dizer se anular. Seja você mesmo, mantenha seu jeito de ser e preserve as suas referências. Você não precisa encarnar um papel que não é você. Lembra da flexibilidade? Abra a sua mente e esteja receptivo para novos aprendizados. Ou seja: por que não comer queijo holandês com goiabada e brigadeiro com hagelslag?
Use uma lupa social
Quanto mais estamos próximos das pessoas, vemos que as diferenças diminuem. Costumes podem ser diferentes, mas sentimentos são universais. No final, todos nós temos inveja, saudade, sentimos raiva e gostamos de ser reconhecidos. A diferença está em como reagimos e isso pode variar de indivíduo para indivíduo.
Não julgue, conheça
Resista å tentação de aplicar um rótulo e tente ver o indivíduo. Boas e más pessoas, pessoas chatas e interessantes, grossas e mal educadas existem em todos os lugares do mundo, independente do passaporte que carregam.
Mantenha uma atitude aberta e os seus caminhos também abrirão. Agora, a verdade é que tudo isso não vai evitar que você sofra algum tipo de preconceito. Mas de alguma forma vai contribuir para uma melhor adaptacão ao país.
E como foi a sua experiência? Conta pra gente.