Resolvi que a ceia de Natal vai ser uma ceia nórdica, quer dizer do Nordeste do Brasil. Teremos steaks de contra-filé brasileiro, acompanhados de purê de aipim, molho vinagrete (ou à campanha, como dizem), farofa de banana-da-terra e outros quitutes nordestinos.
Como boa nordestina e baiana, eu amo coentro, iguaria rara nestas terras baixas, molhadas e frias. Até achamos nos supermercados, embaladinhos quase à vácuo numa embalagem plástica, mas fresco mesmo, não é sempre. E me diga, como é que se faz um vinagrete sem cheiro verde? Nesse caso, a salsinha que me desculpe, mas o coentro é fundamental.
O meu fornecedor é o turco aqui da vila mas, com a correria do Natal, o coentro tinha acabado. Conversei com ele e expliquei a minha urgência. Aproveitei pra falar que sou brasileira e que estive recentemente na terra dele, voltando encantada com os tomates. Um sorriso veio acompanhado da explicação sobre a origem do sabor dos tomates turcos, do solo, clima etc. Então, algo mudou..
Ele olhou pros lados, certificou-se de que ninguém estava ouvindo e me falou pra vir no dia seguinte, quando chegaria um novo carregamento. Me senti quase que comprando cogumelos mágicos. Enquanto abro a carteira para pagar outros ingredientes exóticos por estas bandas, ele pisca pra mim e pede um minuto. Volto pra casa, abro a sacola e encontro deliciosas tâmaras de presente.
Acordo no dia seguinte e aviso logo ao (na)marido. Olha, tenho um afspraak (compromisso) com o Turco hoje. Ele olha curioso, com ar de quem não entende nada. Explico a história: é que encomendei o coentro. E lá fomos para finalizar as compras da ceia.
Chego na loja e o Turco não está, mas a sua esposa. Falo que vim por causa do coentro. Ela me diz: você deu o seu nome? Aí, pensei: Oxente! – só pensei, né? Já que não sei como é “Oxente” em holandês – Falei apenas que soube que o carregamento chegaria e que tinha certeza que havia coentro. Ela frisou:- mas não deixou o nome, não é? Não, não… Ela foi lá dentro e voltou com um molho de coentro fresquinho.
Não deu outra. Havia uma outra mulher na loja e olhou pra dona da loja e falou: Ué, como é que você disse que não tem coentro? Ela não se fez de rogada: Esse foi encomendado! Sei não, daqui a pouco o Turco vai abrir até vaga pra “avião”.
Inté povo! Feliz Natal, visse?
Imagem: aidanbrooksspices.blogspot.com
13 comments
Hmmm… que post mais delicioso!
beijos e uma saborosa ceia!
Clarissa!!!!
Que história menina!!! Encomenda de coentro, só na terra das tamancas.
Vim te desejar um 2009 com intensas esperanças e recheado de realizações.
Você merece!!!
Beijos no coração.
o beto nao gosto de coentro,eu sim!Adorei te conhecer,me visite
Você com seu jeitinho consegue tudo, né?
Bjs mana. Um 2009 brilhante para você!
E eu ñ vivo sem a salsinha.
Quando encontro compro uma boa quantidade e congelo. 😉
Um feliz ano novo pra vc.
Adorei o seu blog.
Bjus
Dani,
Também adorei te conhecer. Vou lhe visitar com certeza!
bjs
Gosto dos dois Ta. Cada um tem a sua hora certa, não é mesmo? Que bom que você gostou do blog.
Volte sempre! Obrigada pela visita.
Olá,
Nossa, eu adoro aipim, ou mandioca como costumamos chamar em São Paulo.
Onde você encontra aipim para comprar aqui na Holanda? Você tem idéia de algum lugar em Amsterdam?
Obrigada! 🙂
Abraços,
Oi Carla,
Olha, aipim você encontra em lojas de produtos turcos ou na Tokos (lojas de produtos orientais). Aqui em Utrecht, compro já descascado, congelado e é muito bom,
Um abraço e volte sempre
Oi Bailandesa,
Nossa, muito obrigada pela dica! Vou olhar nessas lojas e depois te conto! 🙂
Abraços,
Olá!
Passei aqui pra contar que encontrei e comprei mandioca hoje! Comprei a congelada que você comentou. 🙂
Achei por acaso uma Tokos aqui pertinho de casa.
Essa loja que achei hoje é excelente. Tem muitos produtos legais. Comprei além da mandioca um queijo latino semelhante ao queijo fresco e 2 goiabinhas pequeninas. Nham, muito bom! 🙂
Muito obrigada pela dica! 🙂
Abraço,
Hahahahaha adorei a história! Realmente, coentro é precioso. Aqui em SP o pessoal não curte muito, mas eu, como boa pernambucana, não dispenso um coentro. Dá um gostinho de casa, né? 🙂
Beijo, querida!
Pois é, Rapha. Quando morava no Rio, ,uitos amigos cariocas não gostavam. Sou apaixonada. Acho que é meu tempero preferido. E ainda rende boas histórias. Beijo