Depois do teste de paciência para obter o verblijfsvergunning, ontem fui testada de novo. Só que agora pra ver se tenho capacidade de estudar numa escola na qual já estudei e que fui aprovada. Inacreditável, né? Mas eu explico. O curso de integração é de responsabilidade do ROC (centro de educação), que recebe a verba do governo para isso, mas quem é responsável pela integração como um todo é a Pluswerk. Assim, temos triângulo nada amoroso entre Pluswerk – Governo – ROC. Expliquei isso tudo para que vocês entendam o contexto do que aconteceu.
Com uma entrevista marcada pela Pluswerk no ROC às 11 horas da manhã, peguei a superbike e, a medida que pedalava, tentava adivinhar do que se tratava o teste de hoje. Quando fiz a entrevista com a Pluswerk, expliquei que já havia feito o curso de holandês no Instituto James Boswell, na Universidade de Utrecht. A mevrouw (senhora) , muito simpática por sinal, impressionada com a minha perfomance gutural após apenas 4 meses aqui, disse que ia fazer de tudo para que eu continuasse a estudar holandês no mesmo lugar, mas que para isso, teria que fazer um teste no ROC. Não explicou muito mais.
Lá fui eu para a tal entrevista/teste, acompanhada de Ron, natuurlijk (claro) – quando o assunto é governo e burocracia, é sempre bom estar acompanhada de um nativo. Chegamos lá e começou o habitual lenga-lenga com o meu sobrenome. O velhinho da recepção quase tem um infarto ao ver a quantidade de nomes que ele teria que falar ao telefone pra anunciar a minha chegada. Expliquei pra ele que poderia usar apenas o último. Ele fez um esforço tremendo e pronunciou direitinho. Pensei logo: poxa, parece que o povo aqui é simpático! Aí, encontrei com o cara que faria a entrevista. Sabem o coelho de Alice no país das maravilhas? Pois é, parecia que ele ia tirar o pai da forca. Falava mais rápido que narrador de corrida de cavalo. Pegou os meus documentos, o meu currículo (que não leu nem uma linha), me jogou um caderno com 25 questões e explicou – tudo em holandês – que eu teria 30 minutos pra fazer o teste e sumiu, tirando Ron da sala. Dava pra sentir que ele torcia contra. O teste era de raciocínio lógico e fiz em 15 minutos. Depois do gabarito conferido, o cidadão olhou na minha cara e me disse, com um arzinho afetado e arrogante, que acertei o suficiente para ir para o James Boswell e que, nos níveis de domínio da língua de 1 a 5, ele me enquadraria no 5, porque acreditava que num futuro próximo eu estaria fluente e quase sem sotaque. Dava pra ver que ele estava P da vida, ao saber que teria que transferir o dinheiro destinado à minha educação para a outra escola.
Passado o teste, começou a entrevista em holandês – à velocidade da luz – e eu cá concentrada tentando capturar algumas palavras-chave. Não ia dar o gostinho de falar inglês com ele. De vez em quando olhava desesperada para Ron e ele entrava na conversa pra dar uma ajudinha. Sei que no final foi tudo bem e consegui que o governo pague os meus estudos de holandês por um ano na escola que eu quero, além de me controlar e não voar no pescoço e começar a fatiar aquela cabeça de queijo. Bom, as aulas já começam em 30 de outubro. Já viu, né? Vou ter que renovar meu estoque de pastilhas pra garganta.
beijo, fui ( correndo)
2 comments
Parabéns Tita !!!
Você é fera. Tirou de letra !!!
Oi Tita…
Baiana retada você. Parabéns. Isso é apenas o comecinho de muitas conquistas.
Abraços fraternos.